Enfim consegui assistir ao (agora) badalado filme “Guerra ao terror”, que surpreendeu qualquer bolsa de apostas nos últimos meses e levou o Oscar de melhor filme de 2010. A princípio tive que vencer minha resistência habitual, uma vez que não tenho preconceito com nenhum gênero, mas tenho certa dificuldade de imersão em filmes com temáticas de guerra (pois os acho formalmente redundantes) e westers (bairristas demais). Mas limitar o filme da diretora Kathryn Bigelow ao gênero é um tanto preguiçoso, já que o filme em si é um estudo sobre os efeitos da guerra sobre a vida dos soldados, e é por esse caminho (e só) que o filme se justifica. Bigelow é muito competente em verter em dramaturgia a urgência de seu filme. Creio que, pelo menos, o Oscar de melhor direção foi merecido, pois a sensibilidade nada condescendente da diretora, é primordial para o resultado final de seu filme, que acompanha uma equipe de soldados norte-americanos que são especialistas em desarmar bombas pelo árido território iraquiano. “Guerra ao terror” é um filme tenso e nervoso, mas não engoli o Oscar que ganhou. Por mais competente que ele seja, acho que, em 2005 o ótimo filme “Syriana” já havia feito um retrato bastante contundente (e de forma bem azeitada) deste cenário. Reafirmo que o grande destaque fica mesmo por conta do impressionante cuidado na direção de Kathryn Bigelow (curiosamente ganhou o Oscar de seu ex-marido James Cameron por “Avatar”. E ele que a indicou para o projeto). Ela demonstra uma precisão interessantíssima sobre a questão, muito bem retratada numa das últimas cenas do filme, quando o protagonista volta para casa e vai a um supermercado. Ali, entendemos que a função do filme é mostrar que um conflito de guerra territorial é formado por agentes de conflitos pessoais.
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