Eu só quero saber até quando a superprodução "Homem de ferro" vai ficar dependendo única e somente do carisma de seu protagonista para entregar algum fio de dignidade. Se no primeiro filme - que era uma bobagem, mas admito que divertida - essa máxima o justificou, agora na sua continuação (que obviamente está fazendo muito sucesso) o cenário é o mesmo: muitos diálogos engraçadinhos, cenas de ação arrebatadoras e um Robert Downey Jr cada vez mais à vontade. O problema é que o roteiro é conivente demais com essas premissas e a falta de uma arrojada naquele universo é visível. Isso só resulta num emaranhado de situações forçadas (a razão do embate entre o homem de ferro e seu amigo é absurdamente gratuita) e desperdiçadas (o bom papel de viúva negra, interpretada pela atriz Scarlett Johansson é confuso e deslocado). Por mais que o filme tente levantar uma boa discussão sobre como a onipotência do mito é nociva para o homem, tudo é logo dissipado por esquizofrenias visuais que servem para ilustrar trailers de Comic-Com. Jon Favreau acrescenta pouco com sua direção "clipada" (lembrando que nunca achei isso um demérito), afinal, com um roteiro apático não tinha mesmo o que fazer. É inegável que o filme é bem espirituoso, tem umas boas sacadas (os vilões, vividos por Sam Rockwell e Mickey Rourke, em suas construções, são um ponto alto) e é competente no culto à seus "Vingadores", com suas pistas ao longo da projeção, mas a sua acomodação é irritante como cinema. A questão é saber se o filme é mesmo reverente a figura irresistível de Tony Stark ou o estúdio é que é inseguro para fazer com que seus ovos de ouro alce vôos mais altos.
Dica de Música: "A última palavra" (Ecos Falsos)
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