"Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte." Goethe não imortalizou essa máxima à toa. Sua teoria fundamenta a minha prática nesse blog que se propõe a discutir a arte em todas as suas vertentes: pois seja na cultura de massa, seja na linha da erudição, toda a forma de expressão artística vale a pena. O cinema que o diga...
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Um vinho chamado Woody Allen...
Vida inteligente na TV
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Robin Hood, o Grande ???
visto em "Gladiador" (mesmo com o Oscar e a adoração de muitos), "O gangster" e no chatíssimo "Cruzada". "Robin Hood", seu mais recente lançamento também cai nessa armadilha, com o adendo de ser construído por um roteiro fraco e sofrendo de crise de identidade. Nem parece que estamos falando do mesmo realizador de clássicos como "Blade Runner" e "Alien, o oitavo passageiro". Retomando a parceria com o mala do Russel Crowe, que dá vida a um Robin um tanto burocrático e fora de forma (nada contra, mas é incômodo notar que, à exceção do ótimo "O informante", suas performances são sempre repetitivas), o filme se pauta sobre a origem do mito do "ladrão que rouba ricos para os pobres", numa espécie de prequel. Se levarmos em conta o cuidado na ambientação histórica, muito interessante por sinal (as intrigas na esfera do reinado do rei João), o filme é até digerível, mas o roteiro, mais preocupado em respaldar o espetáculo das batalhas que permeiam a história, vai pelo caminho do clichê em diversas situações, o que acaba revelando a fragilidade de sua narrativa (a forma como o personagem de Robin Hood entra de fato na trama principal, é digna de "Malhação"). Tecnicamente perfeito (a batalha final do desembarque dos franceses na Inglaterra é espetacularmente bem filmada), "Robin Hood" acaba por perder todo o seu potencial por preocupar-se demais em agradar às forças que dominam a bilheteria atual. A grandiloqüência aqui atende pura e simplesmente ao espetáculo. Mas, nesse caso, isso não é sinal de mérito ou relevância.
Dica de Música: "Cemeteries of London" (Coldplay)
Downey Jr é que é de ferro...
Dica de Música: "A última palavra" (Ecos Falsos)
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Compreendendo Alice
Dica de Música: "Everything In Its Right Place" (Radiohead)
Reflexões argentinas...
Caso perdido
Dica de Música: "Stranger in Moscow" (Michael Jackson)
terça-feira, 11 de maio de 2010
Aqui a fé é relativa...
Dica de filme: “Podes crer” (Cidade Negra - versão “Acústico MTV”)
Ame-o ou deixe-o
partir de seus filmes seguintes. Aliás, sempre há muita discussão a cerca da qualidade de suas produções pós-“Sexto sentido”. Muitos, mas muitos mesmo, críticos e até uma considerável parcela do público o consideram como uma farsa. “Sinais”, seu terceiro filme de expressão, lançado em 2002, só reforçou essa idéia. Boa parte da opinião pública detonou o longa. Shyamalan sempre foi chegado a uma metáfora que exprima a relação do homem e o sobrenatural, ou simplesmente, o desconhecido, e neste filme, o cineasta se vale da paranóia generalizada com a possibilidade de vida extraterrestre, para falar sobre fé. Óbvio que se vale de uma alegoria pautada no entretenimento, mas é visível a substancia que Shyamalan tira do assunto. Mas controvérsia mesmo ele suscitou com o polêmico “A vila”, para mim uma obra-prima incontestável. A sensação de ser manipulado psiquicamente para enxergarmos uma verdadeira crítica ao isolacionismo norte-americano é impagável, e o diretor orquestra essa percepção de forma tão eficiente quanto estimulante. Até o ódio de alguns, com o desfecho-surpresa, é justificável. Seu filme seguinte foi “A dama na água”, que lhe rendeu muita dor de cabeça, uma vez que naufragou na bilheteria e arranhou ainda mais sua imagem nos bastidores do cinema americano. Considero um filme incompreendido. Ele simplesmente quis dar vida a seus contos infantis que só seus filhos conheciam. Sei que foi um projeto extremamente arriscado, mas gostei muito do filme, principalmente se raciocinado como um papel em branco para imaginação. Mas o mundo, neste caso, meio que lhe deu as costas. Seu último filme, lançado há cerca de dois anos, foi "Fim dos tempos”, para mim, seu único filme que sucumbe ao erro de levar-se a sério demais. Defeito este, costumeiramente atribuído ao diretor, mas que sempre contestei; entretanto neste filme, que dialoga com a vertente atual do meio ambiente e afins, seu discurso não se sustentou e o filme - muito bem filmado e fotografado, por sinal (a cena dos operários caindo de cima de um prédio é antológica) - acabou virando uma comédia involuntária.
Agora, depois destes altos e baixos, Shyamalan retorna fazendo sua primeira grande concessão como diretor: estréia em julho (veja o trailer abaixo) sua adaptação do desenho “Avatar”, cujo nome será “O último mestre do ar”. É óbvio que esse lançamento aponta para um novo recomeço do autor/cineasta na seara hollywoodiana. Pelo trailer, vemos que sua estética continua impecável. Seus filmes são muitíssimo bem filmados. Mas confesso que estou receoso, não pelo resultado, mas por não ser um filme “autoral”, como de costume. Se esse possível grande ”blockbuster” servir de ponte para uma espécie de renascimento do diretor, que seja bem vindo. A questão é isso se tornar uma regra imposta, o que ele pode reverter lutando por seus projetos. Gosto demais de seus devaneios e diálogos com a investigação humana e sua relação com o oculto. Creio que ele pague um preço caro por sua originalidade, mesmo quando esbarra em uma tentadora pretensão. Mas aonde enxergam apenas pedantismo, eu vejo inconformismo. Shyamalan não é nem será um Hitchcock, ou um Spielberg. Ele sempre será apenas M. Night Shyamalan, e sua posteridade depende apenas dele.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Somos tão jovens
Sade, Norah e ouvidos exigentes
Dica de Música? elas!!! rs...
Pânico no cinema
terça-feira, 4 de maio de 2010
Sexos femininos...
Dica de Música: “Sonhos roubados” (Maria Gadu)
Ouvidos atentos
Quando quero acompanhar o termômetro do cenário POP atual procuro uma de minhas fontes certas, que é o interessante blog do jornalista e apresentador do “Fantástico”, Zeca Camargo. Zeca, que no comando do dominical (há de destacar que é uma das poucas coisas relevantes ainda em nossa TV aberta), está sempre envolto na pluralidade de suas viagens em busca do inusitado, que deveria ser a tônica de qualquer matéria jornalística, vale-se deste privilégio para vitaminar suas diversas coleções (seja de CDs, livros e filmes) e, com isso, com propriedade para antever àquilo que entrará no valioso mainstream do grande público (seria isso um oxímoro? Sim, a cultura pop é uma grande contradição). Enfim, digo que foi acompanhando seu blog que descobri que existia sim, consistência relevante na mise-em-scéne de Lady Gaga, ou que a revista americana “New Yorker” era algo de que eu deveria prestar mais atenção, dada a sua profunda investigação por um jornalismo mais embasado e original. Por isso, logo que ele fez uma citação sobre as possíveis (!?) substitutas do furacão Amy Winehouse, uma chamou-me a atenção e atende pelo nome de Janelle Monae. Com uma produção (física e musical) saudosista e melodias que flertam com o jazz e as big bands sessentistas da Black Music, Janelle imprime personalidade em seu single de estréia “Tightrope”, canção deliciosa e cheia de testosterona, com a cada vez mais onipresente base de Hip Hop contemporâneo, com participação de Big Boi, da banda OutKast (por sinal, é nítida a influência melódica da banda em seu trabalho). Mesmo com a notável performance estilística, a cantora americana da região do Kansas, de 25 anos, se justifica pela bela voz e impressionante gingado, que lhe conferem um charme carismático das divas a quem tanto tem por referência. Tanto a música como o clipe são sensacionais, comprovando que Janelle tem a oferecer o melhor da R&B/Soul, com muita personalidade (reparem na graciosidade de suas coreografias, impondo seu estilo único de dançar). O cd “The Archandroid”, ainda não foi lançado no país (tem uma composição de Steve Wonder e Prince), mas fiquem com o primeiro clipe e corram para o espelho para reproduzir a dança...
Nem precisa de "Dica de Música"...
O nobre do horário...
“Força-Tarefa” : A série ganhou mais cinco minutos de duração e é perceptível que sua dinâmica acompanha esse crédito da emissora. Mas ainda acho que o roteiro (dos feras Fernando Bonassi e Marçal Aquino) ainda desalinha-se com a direção do José Alvarenga Jr. Mesmo estando muito acima da média da maioria dos roteiros da casa, a série me passa a sensação de almejar ser um produto que não consegue ser e, nesta nova temporada, continua o marasmo, digamos, institucional da procuradoria, onde se situa boa parte da trama, numa mesa redonda, envolta de personagens totalmente desperdiçados, dentre eles os ótimos Julio Cazarré e Hermila Guedes. O tenente Wilson de Murilo Benício ainda é o grande acerto dramático do projeto. Gosto e acompanho a série (e creio que seus problemas são resolvíveis), mas suas limitações ainda persistem.
“S.O.S Emergência” : O programa tem clara inspiração num tipo de humor muito disseminado com o sucesso da série americana “30Rock”, cria da comediante Tina Fey. Mas, com roteiro de Marcius Melhem e Daniel Adjafre, a graça fica mais consonante com a gratuidade histérica do “Nós da fita” e afins, do que da espontaneidade da situação almejada. Ainda que conte com um elenco muito inteirado com o gênero (Ney Latorraca, Marisa Orth, Fabio Lago e Maria Clara Gueiros são destaques) e direção competente de Mario Mendonça Filho, o resultado soa mais como um pastiche de um sitcom americano.
“Vida Alheia” : O multifacetado Miguel Falabella acertou desta vez ao retratar o universo fugaz das celebridades, através de uma revista sobre o tema. Procurando não se focar apenas no humor, a série tem acertado na crítica e no deboche ao circo que promove. O elenco também surpreende com Cláudia Jimenez e Marília Pêra, em personagens muito bem construídos. Talvez falte uma lapidação maior na direção da Cininha de Paula (o mesmo problema de “Força-Tarefa”), dada a falta de vigor em certas cenas promissoras, mas o conjunto é bem animador.
“Separação” : A melhor estréia do gênero da Globo, em 2010, até agora. Nem preciso salientar o talento de Fernanda Young e Alexandre Machado, mas nessa nova série eles conseguiram o desafio de desprender-se do absoluto sucesso que fora “Os normais”, dando um complemento divertido ao cotidiano de um casal, na urgência de um desgaste de convívio. O humor aqui é embasado entre o irônico e o nonsense, nada muito diferente do, já apresentado, universo dos autores, mas a perspectiva se renova com a qualidade do texto da série. Vladimir Britcha, que tem uma interpretação cômica marcada por gags conhecidos, surpreende ao compreender o intertexto exato do roteiro, e Débora Bloch, que já havia trabalhado inúmeras vezes com a dupla (e ainda passou pelo clássico “TV Pirata”) também cumpre seu papel de forma eficiente. Alvarenga Jr., que também dirige o já citado “Força-Tarefa”, aqui trabalha em terreno conhecido, já que firmou um estilo estético na parceria com os autores, desde 2001. O diretor consegue um resultado mais bem sucedido e orgânico do que na série policial. O saldo é que há muito que um programa não nos deixa preso em casa, em plena sexta-feira à noite.
Dica de Música: “Matizes” (Djavan)
A caixa e o outro
Dica de Música: “Cymbal rush” (Thom Yorke)