Meus poucos leitores assíduos às vezes cobram que eu pouco comento sobre filmes antigos. Realmente quase não posto comentários a respeito, talvez porque acabo dando vazão à urgência dos lançamentos (e também porque comento mais sobre os filmes que acabo de ver no cinema), mas gosto e assisto bastantes filmes antigos – o que seria de mim sem Fellini!!! – tanto que há poucos dias assisti ao filme “Cinco vezes favela”, série de 5 curtas dirigidos por nomes como Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman, de 1962. Um bom filme, mas datado pela dicotomia do cenário social carioca da década de 60 para cá.
Um filmaço que descobri há pouco tempo foi “Kramer versus Kramer”, filme de Robert Benson, de 1979. Já conhecia o filme por sua história e, claro, pelo Oscar que abocanhou, mas ainda não o tinha visto. Um belo filme que joga pesado no antagonismo que se estabelece entre razão e emoção ao contar a história de Ted Kramer (personagem de Dustin Hoffman) para quem o trabalho vem antes da família e Joanna (Meryl Streep, divina), sua mulher, descontente com a situação, sai de casa, deixando Billy, o filho do casal, com o pai. Ted então tem que se preocupar com o menino, dividindo-se entre o trabalho, o cuidado com o filho e as tarefas domésticas. Quando consegue ajustar a estas novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted porém se recusa e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia de Billy. As bases dramáticas da trama são sustentadas pelo prisma social de fins da década de 70, quando o filme foi gestado, o que pode causar certo estranhamento para quem moldou sua visão de mundo nos anos 90, por exemplo. Mas é um filme que fala da nobreza de certos sentimentos e isso é universal. Ao relativizar as razões que se sobrepõe as emoções na luta por um filho, a produção acerta nosso coração, para que façamos nosso próprio juízo de valor. Um tipo de filme raro hoje em dia.
Acabei de ler o livro “O caso Morel”, primeiro romance do escritor Rubem Fonseca, autor que eu admiro demais. Já disse neste blog que o considero um dos melhores escritores do mundo, pela sagacidade e ironia com que analisa nossa sociedade. “O caso Morel”, livro de 1973 (auge da ditadura militar) mostra o embate de Paul Morel, um artista de vanguarda típico dos anos 70 pelas excentricidades, com o escritor Vilela. Morel está preso e é de sua cela que narra histórias que mesclam sexo, violência e reflexões sobre a arte mais radical do escritor, ao questionar a função da mesma e da literatura. Tenho procurado ler toda a obra dele e todos os romances dele que li até o momento são irretocáveis (talvez “A grande arte” nem tanto) e sempre com uma simplicidade desconcertante. Fica aqui a dica para uma imersão nesse universo tão corrosivo e, ao mesmo tempo, tão familiar que é o retratado por esse gênio da nossa literatura.
Um filmaço que descobri há pouco tempo foi “Kramer versus Kramer”, filme de Robert Benson, de 1979. Já conhecia o filme por sua história e, claro, pelo Oscar que abocanhou, mas ainda não o tinha visto. Um belo filme que joga pesado no antagonismo que se estabelece entre razão e emoção ao contar a história de Ted Kramer (personagem de Dustin Hoffman) para quem o trabalho vem antes da família e Joanna (Meryl Streep, divina), sua mulher, descontente com a situação, sai de casa, deixando Billy, o filho do casal, com o pai. Ted então tem que se preocupar com o menino, dividindo-se entre o trabalho, o cuidado com o filho e as tarefas domésticas. Quando consegue ajustar a estas novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted porém se recusa e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia de Billy. As bases dramáticas da trama são sustentadas pelo prisma social de fins da década de 70, quando o filme foi gestado, o que pode causar certo estranhamento para quem moldou sua visão de mundo nos anos 90, por exemplo. Mas é um filme que fala da nobreza de certos sentimentos e isso é universal. Ao relativizar as razões que se sobrepõe as emoções na luta por um filho, a produção acerta nosso coração, para que façamos nosso próprio juízo de valor. Um tipo de filme raro hoje em dia.
Acabei de ler o livro “O caso Morel”, primeiro romance do escritor Rubem Fonseca, autor que eu admiro demais. Já disse neste blog que o considero um dos melhores escritores do mundo, pela sagacidade e ironia com que analisa nossa sociedade. “O caso Morel”, livro de 1973 (auge da ditadura militar) mostra o embate de Paul Morel, um artista de vanguarda típico dos anos 70 pelas excentricidades, com o escritor Vilela. Morel está preso e é de sua cela que narra histórias que mesclam sexo, violência e reflexões sobre a arte mais radical do escritor, ao questionar a função da mesma e da literatura. Tenho procurado ler toda a obra dele e todos os romances dele que li até o momento são irretocáveis (talvez “A grande arte” nem tanto) e sempre com uma simplicidade desconcertante. Fica aqui a dica para uma imersão nesse universo tão corrosivo e, ao mesmo tempo, tão familiar que é o retratado por esse gênio da nossa literatura.
Dica de Música: "Crossroads" (Tracy Chapman)
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