Não adianta, minha formação de cinéfilo é permeada em sua maioria pelo cinema americano. Quando descobri a magia cinematográfica européia (através do olhar idílico de Fellini), já estava enamorado por completo dessa arte. Por isso não sou tão radical à aversão a predominância dos filmes americanos. É uma indústria? Sim. Mas como tudo o que é macro, existe o cinema bom e o ruim, como em qualquer país (na França essa dualidade é bem definida). Quanto a questão da (violenta) distribuição, creio ser um problema mais “nosso” (com nossas leis e incentivos) do que “deles”. Assisti na última semana, a dois exemplos do bom e do dispensável cinema ianque: “Queime depois de ler” e “G. I. Joe”. O primeiro é um retorno dos irmãos Cohen a seara da comédia do absurdo, vertente essa que fez com que a dupla estourasse para o mundo com o delicioso “Fargo”. Dois anos depois de paparem o Oscar com o violento (mas não menos sarcástico) “Onde os fracos não tem vez”, os irmãos escreveram e dirigiram esse que é um dos filmes mais divertidos de suas carreiras. A história se desenvolve a partir de um cd que, contendo material confidencial escrito por um ex-analista da CIA, torna-se motivo de chantagem de dois funcionários bizarros de uma rede de academias. Esse fiapo de argumento estrutura uma visão irônica tanto dos filmes de espionagem, quanto da própria organização secreta dos EUA. Se a obra dos Cohen alcançou tal dimensão e respeito no mundo, é pela simples retórica de não se levar a sério, rendendo com isso boas oportunidades de análises e discussões (um bom exemplo é “O homem que não estava lá”). Com performances no mínimo interessantes de todo o elenco – Brad Pitt surpreende fazendo humor – o filme mostra a maturidade dos diretores, ilustradas no deboche com que enxergam suas próprias instituições. Um filme verdadeiramente divertido (para mim, melhor que o filme anterior) e ainda subversivo. Coisa dos Cohen...
Por outro lado “G. I. Joe”, famosos no país como “Comandos em ação”, dado o sucesso de seus brinquedos na década de 90, é uma amostra da “Hollywood” que não quer crescer. O cinemão americano atual tem dado mostras de que o casamento entre entretenimento (puro) e inteligência, pode sim render resultados práticos e artísticos (vide o êxito de “O cavaleiro das trevas” e da franquia “Spider man”). Stephen Summers, que fez um trabalho asséptico em “A múmia” e “Van Helsing”, não ajuda muito e a superprodução só se justifica pelos efeitos especiais rotineiros (alguma novidade?). Como não nutria nenhuma expectativa, saí do cinema como entrei.
Duas "obras" de uma cinematografia de muitas faces, mas essa multiplicidade nunca foi sinônimo de limitação, e é nisso que gosto de pautar minha falta de pré-conceitos bairristas.
Dica de Música: "Retirantes Remix" (Dorival Caymmi/ Dj Zé Pedro)
Por outro lado “G. I. Joe”, famosos no país como “Comandos em ação”, dado o sucesso de seus brinquedos na década de 90, é uma amostra da “Hollywood” que não quer crescer. O cinemão americano atual tem dado mostras de que o casamento entre entretenimento (puro) e inteligência, pode sim render resultados práticos e artísticos (vide o êxito de “O cavaleiro das trevas” e da franquia “Spider man”). Stephen Summers, que fez um trabalho asséptico em “A múmia” e “Van Helsing”, não ajuda muito e a superprodução só se justifica pelos efeitos especiais rotineiros (alguma novidade?). Como não nutria nenhuma expectativa, saí do cinema como entrei.
Duas "obras" de uma cinematografia de muitas faces, mas essa multiplicidade nunca foi sinônimo de limitação, e é nisso que gosto de pautar minha falta de pré-conceitos bairristas.
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