O diretor Daniel Filho acabou se tornando uma espécie de Woody Allen brasileiro. Calma, só por uma razão: consegue realizar um filme por ano, consecutivamente, e isso no cinema daqui, é de se admirar. Tudo bem que ele tem o valioso suporte da Globo Filmes, que é uma ajuda e tanto. Pois bem, já me iludi muito com o cinema de Daniel. Há alguns anos, entusiasmado com filmes como “A partilha” e o (realmente ótimo) “A dona da história”, cheguei a listá-lo como um de meus diretores favoritos, principalmente pela despretensão com que seus filmes se posicionavam. Hoje, com um tiquinho mais de experiência e maturidade (!?) vejo que Daniel é apenas um diretor de cinema que procura dialogar agressivamente com o grande público. Hoje avalio seus filmes sobre esse paradigma e as coisas ficaram até mais claras para mim.
Depois de conseguir a maior bilheteria nacional dos últimos anos com “Se eu fosse você 2”, Daniel apostou num projeto mais “pessoal” com seu novo filme, baseado numa incensada peça teatral de Bosco Brasil, “Novas diretrizes em tempos de paz”. “Tempos de paz”, o filme, procura andar nos caminhos da correção, mas que tropeça justamente ao tentar equilibrar essa adaptação narrativa. A trama mostra um ex-integrante da polícia política de Getúlio Vargas, o atual chefe da alfândega do Rio de Janeiro (Tony Ramos, como sempre ótimo) interrogando um ex-ator polonês (Dan Stulbach, também maravilhoso e retendo seus excessos emotivos), suspeito de ser nazista, que deseja entrar no Brasil. A trama é forte e fundamentada no diálogo tenso entre os personagens, que aos poucos vai se revelando como um ode ao teatro, ou a arte como válvula de escape para a vida. O roteiro – também do autor original – vai desnivelando o antagonismo em humanismo até seu fim catártico e verdadeiramente emocionante. Antes o diretor fizesse o filme ancorado apenas nessas matizes, mas ao tentar dimensionar o trama para as “exigências” do cinema, acabou criando tramas paralelas desnecessárias (o personagem do próprio diretor não diz a que veio) e que funcionam mais como arquétipos de uma intenção do que complemento de uma lógica. Daniel Filho é um diretor experiente e até muito esperto no tocante as amarras do cinema nacional, mas quando não pretende nada além de pegar sua câmera e filmar, tem resultados dignos de sua história.
Dica de Música: "Outono" (Djavan)
Depois de conseguir a maior bilheteria nacional dos últimos anos com “Se eu fosse você 2”, Daniel apostou num projeto mais “pessoal” com seu novo filme, baseado numa incensada peça teatral de Bosco Brasil, “Novas diretrizes em tempos de paz”. “Tempos de paz”, o filme, procura andar nos caminhos da correção, mas que tropeça justamente ao tentar equilibrar essa adaptação narrativa. A trama mostra um ex-integrante da polícia política de Getúlio Vargas, o atual chefe da alfândega do Rio de Janeiro (Tony Ramos, como sempre ótimo) interrogando um ex-ator polonês (Dan Stulbach, também maravilhoso e retendo seus excessos emotivos), suspeito de ser nazista, que deseja entrar no Brasil. A trama é forte e fundamentada no diálogo tenso entre os personagens, que aos poucos vai se revelando como um ode ao teatro, ou a arte como válvula de escape para a vida. O roteiro – também do autor original – vai desnivelando o antagonismo em humanismo até seu fim catártico e verdadeiramente emocionante. Antes o diretor fizesse o filme ancorado apenas nessas matizes, mas ao tentar dimensionar o trama para as “exigências” do cinema, acabou criando tramas paralelas desnecessárias (o personagem do próprio diretor não diz a que veio) e que funcionam mais como arquétipos de uma intenção do que complemento de uma lógica. Daniel Filho é um diretor experiente e até muito esperto no tocante as amarras do cinema nacional, mas quando não pretende nada além de pegar sua câmera e filmar, tem resultados dignos de sua história.
Dica de Música: "Outono" (Djavan)
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