A decisão da Rede Globo em produzir suas tradicionais minisséries de janeiro, mais curtas, onde casa a boa demanda de anunciantes com uma economia de custos, é acertada, mas perigosa. O poder de síntese é tão complicado quanto o contrário. Ano passado, com a minissérie “Maysa”, esse recurso foi muito bem aproveitado pelo autor Manuel Carlos que procurou condensar a vida da artista, sob os aspectos emotivos que a regiam, o que já geravam grandes conflitos por si só. Daí o grande êxito no resultado final.
Esse ano foi a vez da autora Maria Adelaide Amaral mostrar (mais uma vez) seu trabalho com “Dalva e Herivelto”, e o saldo ficou bem irregular. É inquestionável a qualidade técnica da minissérie, com uma direção de arte impecável e figurinos notadamente adequados ao período retratado. O diretor Dennis Carvalho também comprova sua experiência, buscando um aprimoramento na fotografia e direção de cena (com o auxílio luxuoso da dupla Cláudio Botelho e Charles Müller na direção dos musicais no Cassino da Urca). O grande problema é o roteiro, carente de dramaturgia e que se sustenta em repetitivas cenas de brigas, muitas vezes sem qualquer contextualização. Tudo bem que a vida conjugal do casal foi marcada pelos atritos constantes, mas na transposição para a ficção é quase um pecado tratar disso de forma tão episódica. Para usar como exemplo, numa cena em que a cantora beija um cantor argentino para vingar-se no marido, é nítida a superficialidade com que isso é tratado, sem nenhum pingo de conflito, meio que fora escrito só para evocar mais uma homérica briga do casal. A autora Maria Adelaide Amaral, que escreveu a maioria das minisséries “globais”, costuma pecar sempre pelo didatismo com que apresenta seus fatos históricos. À exceção de “Os maias” e “A muralha”, todos os seus trabalhos seguintes sofreram desse mal, com “Um só coração” (que retratou a Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922) sendo o caso mais gritante. Em “Dalva e Herivelto” esse defeito foi sufocado pelos poucos capítulos, mas em compensação, a autora não soube expandir àquelas histórias de vida de forma mais propositiva.
Adriana Esteves (que redefiniu sua carreira com esse trabalho) e Fábio Assunção estão perfeitos na composição do casal, assim como o bom elenco de coadjuvantes, como Leona Cavalli e Thiago Fragoso.
Apesar desse deslize, foi uma minissérie muito bem produzida e que reacendeu um período áureo de nossa História, que vale a pena ser explorado.
Esse ano foi a vez da autora Maria Adelaide Amaral mostrar (mais uma vez) seu trabalho com “Dalva e Herivelto”, e o saldo ficou bem irregular. É inquestionável a qualidade técnica da minissérie, com uma direção de arte impecável e figurinos notadamente adequados ao período retratado. O diretor Dennis Carvalho também comprova sua experiência, buscando um aprimoramento na fotografia e direção de cena (com o auxílio luxuoso da dupla Cláudio Botelho e Charles Müller na direção dos musicais no Cassino da Urca). O grande problema é o roteiro, carente de dramaturgia e que se sustenta em repetitivas cenas de brigas, muitas vezes sem qualquer contextualização. Tudo bem que a vida conjugal do casal foi marcada pelos atritos constantes, mas na transposição para a ficção é quase um pecado tratar disso de forma tão episódica. Para usar como exemplo, numa cena em que a cantora beija um cantor argentino para vingar-se no marido, é nítida a superficialidade com que isso é tratado, sem nenhum pingo de conflito, meio que fora escrito só para evocar mais uma homérica briga do casal. A autora Maria Adelaide Amaral, que escreveu a maioria das minisséries “globais”, costuma pecar sempre pelo didatismo com que apresenta seus fatos históricos. À exceção de “Os maias” e “A muralha”, todos os seus trabalhos seguintes sofreram desse mal, com “Um só coração” (que retratou a Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922) sendo o caso mais gritante. Em “Dalva e Herivelto” esse defeito foi sufocado pelos poucos capítulos, mas em compensação, a autora não soube expandir àquelas histórias de vida de forma mais propositiva.
Adriana Esteves (que redefiniu sua carreira com esse trabalho) e Fábio Assunção estão perfeitos na composição do casal, assim como o bom elenco de coadjuvantes, como Leona Cavalli e Thiago Fragoso.
Apesar desse deslize, foi uma minissérie muito bem produzida e que reacendeu um período áureo de nossa História, que vale a pena ser explorado.
Dica de Música: "Minha flor, meu bebê" (Cazuza)
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