É impressionante o equilíbrio qualitativo da filmografia recente do diretor Clint Eastwood. Nos últimos anos, não teve um filme lançado pelo ator e diretor que não seja bom. Fora que, invariavelmente, seus filmes são muito premiados e figuram entre as principais indicações do Oscar. Em fins de 2003, ele lançou a obra-prima “Sobre meninos e lobos”, uma alegoria sobre o paradoxo que se estabelece entre o instinto e a razão, que eu considero como um dos melhores filmes americanos da História, e tenho uma história muito pessoal com ele. Cerca de dois anos depois, ele lançou o oscarizado “Menina de Ouro”. Um filme surpreendente ao aprofundar o batido tema da superação em ringues de boxe. Logo depois, mostrou vitalidade e ousadia ao lançar dois filmes complementares e idiossincráticos sobre a Segunda Guerra, com “A conquista da honra” e “Cartas de Iwo Jima”, este último, considerado pelos críticos americanos como o melhor filme da década. Há pouco mais de um ano ele novamente lançou dois filmes, quase que simultaneamente: o ótimo “A troca”, veículo para Angelina Jolie mostrar que pode ser mais do que um sex symbol e o bom “Gran Torino”, que, embora, resvale pela ingenuidade, faz um retrato das raízes xenófobas que caracteriza boa parte da sociedade americana.
Ainda buscando radiografar o contexto político, só que em escala mundial, ele lança “Invictus”, estrelado pelo ator Morgan Freeman. O filme narra a tentativa de Mandela usar a Rugby World Cup 1995 para ajudar o país após sua libertação da prisão, a queda do apartheid e a sua própria eleição como presidente da África do Sul. O título Invictus batiza um poema citado frequentemente por Mandela sobre a força de vontade em superar as adversidades da vida. O trailer representa bem a força que a história possui e reforça a tese de que Eastwood, a exceção de muitos promissores cineastas da contra-cultura americana (como Scorcese, que excetuando a mão firme em "Os infiltrados", encaretou com seus últimos filmes), é um dos grandes responsáveis pelo vigor do cinema hollywoodiano.
Dica de Música: "Summertime" (Ella Fitzgerald)
"Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte." Goethe não imortalizou essa máxima à toa. Sua teoria fundamenta a minha prática nesse blog que se propõe a discutir a arte em todas as suas vertentes: pois seja na cultura de massa, seja na linha da erudição, toda a forma de expressão artística vale a pena. O cinema que o diga...
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Ainda Invicto
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