quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Um certo Jean Charles...

Esta semana fui ao “Projeta Brasil” da rede de cinemas Cinemark, onde vários filmes nacionais com ingressos a $2,00 são disputados a tapa pelos milhares de espectadores. O bacana do projeto é que a renda é revertida para projetos de fomento ao próprio cinema brasileiro. Claro que a sensação esse ano foi o recém lançado “Besouro”, que teve seus ingressos esgotados em poucas horas. Particularmente fui para assistir “A deriva” do Heitor Dhália, “Se nada mais der certo” do Belmonte ou até mesmo alguns documentários. No cinema que eu fui não havia nenhuma dessas opções, predominando os grandes blockbusters da temporada, que eu já tinha visto como “Se eu fosse você 2”, “A mulher invisível” e “Divã”. Até que resolvi assistir a um que ainda não tinha visto; “Jean Charles”, de Henrique Goldman, com Selton Mello vivendo a trágica história do imigrante equivocadamente assassinado por agentes do serviço secreto britânico no metrô de Londres, confundido com um terrorista. A história em si já é impressionante, principalmente quando lembramos que todos os policiais ingleses envolvidos na tragédia foram inocentados pela Corte Inglesa, e o filme é pertinente como análise dos fatos, ainda que romanceados. O diretor e roteirista Henrique Goldman até ensaia um interessante retrato sobre como vivem os imigrantes ilegais na Inglaterra, mas seu filme peca pela superficialidade com que a história é contada. Tanto que, por vezes, parece que a trama de amadurecimento da prima de Jean, vivida pela ótima atriz Vanessa Giácomo, é bem mais instigante que a principal, o que é um erro. O filme se sustenta mesmo pelo impacto do que é baseado. Selton Mello, mais uma vez repete suas gags cênicas, mas é impossível dizer que não esteja bem. O elenco, formado por muitos não-atores, inclusive gente da própria família da vítima, na vida real, é bom e Luís Miranda, comprova que seu talento não se limita a comédia televisiva. “Jean Charles” é um filme bem regular (ainda apresenta defeitos visíveis em seu áudio, remetendo aos antigos problemas técnicos do cinema brasileiro), que deixa a incômoda sensação de que poderia ter sido melhor. Assim como o destino do personagem que o inspirou...
Dica de Música: "Medo" (Lenine)

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