Tchekhov não foi nada bobo ao atestar que “a originalidade de um autor depende menos do seu estilo do que da sua maneira de pensar”. E essa é uma verdade ainda mais conveniente ao nos depararmos com a obra singular do cineasta Quentin Tarantino. As justificativas (se necessárias) que versam sobre seu universo se apóiam mais sob sua forma de pensar e ver o mundo do que sob seu tão alardeado estilismo cinematográfico. “Bastardos Inglórios”, seu mais novo filme, só vem para corroborar essa consciência. E para provar que o diretor é uma fonte ininterrupta de referência pertinente à História do cinema.
Mais uma vez, é pelo sentimento de vingança que a criatividade de Tararntino é estimulada. Seus filmes sempre frisam a causa e/ou conseqüência desse viés passional tão humano quanto estranho do outro. Durante a Segunda Guerra, na França ocupada pelo exército alemão, a jovem Shosanna Dreyfus (Mélaine Laurent) testemunha a execução da família pelo coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz). Porém, ela consegue escapar e passa a viver sob a identidade de uma proprietária de cinema em Paris, enquanto aguarda o momento certo para se vingar. Ainda na Europa, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) organiza um grupo de soldados judeus para lutar contra os nazistas. Conhecido pelo inimigo como Os Bastardos, o grupo de Aldo recebe uma nova integrante, a atriz alemã e espiã disfarçada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger), que tem a perigosa missão de chegar até os líderes do Terceiro Reich. Toda a teia narrativa deste universo vem impregnada dos conhecidos maneirismos do autor (capítulos, trilha estilosa, fotografia esquizofrênica...) e é no cruzamento dessas idéias que enxergamos a maestria com que Tarantino domina seu gênero próprio. M aestria essa que não se atém à superficialidade de uma estética, mas sim a firmeza de uma paixão pelo cinema, tão explicitada pelo próprio. A mesma paixão com que os atores entregam-se a seus personagens: Brad Pitt (que me conquista cada vez mais pela versatilidade) se esgueira da caricatura formal de seu papel, conseguindo captar com perfeição “o espírito da coisa” e o então desconhecido ator austríaco Christoph Waltz incendeia cada cena que aparece, com uma precisão tão... européia. Isso sem citar os demais.
Ouvi reclamações (tanto da crítica quanto de alguns amigos) que o filme carece de emoção, sendo tão satírico que bloqueia qualquer tentativa de entrosamento orgânico com o espectador. Tolice. Essa exigência dramática não se sustenta num filme como esse. Mais do que entrosamento, Tarantino quer identificação crítica e, partindo daí, cada espectador absorve o discurso da forma que lhe convém. Aqui referências e reflexões somatizam a hiperatividade criativa e autoral “tarantiana”. Essa embalagem já diz muito sobre a obra e, desculpem os desavisados, sua visão é própria e deliciosamente parcial. Só nos resta comprar ou não o barulho. Eu compro há anos sem precisar solicitar nenhum tipo de troca, e com garantia filosófica de Tchekhov...
Mais uma vez, é pelo sentimento de vingança que a criatividade de Tararntino é estimulada. Seus filmes sempre frisam a causa e/ou conseqüência desse viés passional tão humano quanto estranho do outro. Durante a Segunda Guerra, na França ocupada pelo exército alemão, a jovem Shosanna Dreyfus (Mélaine Laurent) testemunha a execução da família pelo coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz). Porém, ela consegue escapar e passa a viver sob a identidade de uma proprietária de cinema em Paris, enquanto aguarda o momento certo para se vingar. Ainda na Europa, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) organiza um grupo de soldados judeus para lutar contra os nazistas. Conhecido pelo inimigo como Os Bastardos, o grupo de Aldo recebe uma nova integrante, a atriz alemã e espiã disfarçada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger), que tem a perigosa missão de chegar até os líderes do Terceiro Reich. Toda a teia narrativa deste universo vem impregnada dos conhecidos maneirismos do autor (capítulos, trilha estilosa, fotografia esquizofrênica...) e é no cruzamento dessas idéias que enxergamos a maestria com que Tarantino domina seu gênero próprio. M aestria essa que não se atém à superficialidade de uma estética, mas sim a firmeza de uma paixão pelo cinema, tão explicitada pelo próprio. A mesma paixão com que os atores entregam-se a seus personagens: Brad Pitt (que me conquista cada vez mais pela versatilidade) se esgueira da caricatura formal de seu papel, conseguindo captar com perfeição “o espírito da coisa” e o então desconhecido ator austríaco Christoph Waltz incendeia cada cena que aparece, com uma precisão tão... européia. Isso sem citar os demais.
Ouvi reclamações (tanto da crítica quanto de alguns amigos) que o filme carece de emoção, sendo tão satírico que bloqueia qualquer tentativa de entrosamento orgânico com o espectador. Tolice. Essa exigência dramática não se sustenta num filme como esse. Mais do que entrosamento, Tarantino quer identificação crítica e, partindo daí, cada espectador absorve o discurso da forma que lhe convém. Aqui referências e reflexões somatizam a hiperatividade criativa e autoral “tarantiana”. Essa embalagem já diz muito sobre a obra e, desculpem os desavisados, sua visão é própria e deliciosamente parcial. Só nos resta comprar ou não o barulho. Eu compro há anos sem precisar solicitar nenhum tipo de troca, e com garantia filosófica de Tchekhov...
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