Ainda existe vida inteligente na engrenagem industrial Hollywoodiana??? De certa forma sim. Assisti ao filme “Distrito 9”, uma produção de Peter “Senhor do Anéis” Jackson, dirigida pelo promissor Neill Blomkamp. Em um mundo fictício, extraterrestes tornam-se refugiados na África do Sul, onde ficam segregados dos humanos em uma área chamada Distrito 9. Após quase 30 anos, porém, as autoridades decidem mudá-los de local, o que gera conflitos. Esqueça tudo o que você já viu sobre “filme de/com alienígenas”, “D9” é mais surpreendente do que a sinopse aparenta. Primeiro pela sensata opção por não basear a trama em alguma cidade americana (até porque nem a própria New York agüenta mais ser atacada por Ets e terroristas), mas sim na conturbada Johanesburgo, maior cidade da África do Sul, onde o filme ganha uma dimensão pertinentemente metafórica, com sua clara alusão aos desígnios da antiga apartheid. Depois pela estética semidocumental que imprime uma sensação de urgência ao tema. Blomkamp consegue, em seu primeiro longa de relevância conjugar a complicada aritmética de unir diversão e reflexão sem cair na armadilha da pretensão ou nas facilidades de um gênero. Seu filme é tão divertido quanto doloroso e nessa intersecção consegue gerar discussão de uma platéia tão adestrada a maneirismos cinematográficos, como a atual. Peter Jackson não foi nada bobo ao bancar o projeto. E sua contribuição técnica é bem evidente – os efeitos são precisos e bem pertinentes. Um amigo disse, ao fim da sessão, que depois de assistir esse filme e “Ensaio sobre a cegueira” acabaria perdendo de vez a esperança na humanidade. Exageros à partes, quando que um blockbuster sobre alienígenas poderia gerar um questionamento desses? Sinal dos tempos? Não, apenas a reafirmação que, muito mais do que Hollywood, existe vida inteligente na nova geração de realizadores mundiais... e com filmes assim, imperdíveis.
Dica de Música: "Cedars Of Lebanon" (U2)
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