terça-feira, 24 de novembro de 2009

O problema é a palavra....



Depois de muita expectativa fabricada – uma tendência viral em termos de divulgação cinematográfica – eis que assisto “Besouro”, produção com pretensões Hollywoodianas e temática até bem sacada para a seara usual do cinema brasileiro. Besouro (Ailton Carmo) foi o maior capoeirista de todos os tempos. Um menino que - ao se identificar com o inseto que ao voar desafia as leis da física - desafia ele mesmo as leis do preconceito e da opressão. A sinopse aponta a base principal do filme que, se tecnicamente se impõe, no restante é uma grande decepção. A principal fraqueza da produção é a falta de dramaturgia de sua história, onde não só os personagens, mas as situações são inteiramente unidimensionais. O roteiro se pretende engenhoso, mas revela-se incomodamente complicado e não chega a lugar algum – com grande número de cenas banais. Fazer um filme falando sobre o sincretismo das religiões africanas é uma boa idéia, principalmente pelo material bruto que isso venha a render, mas o filme parece encantado demais com sua própria técnica e seus efeitos internacionais, deixando a trama em segundo plano.
Vale ressaltar que não só as lutas são bem feitas (auxiliadas pelo mesmo coreógrafo chinês que trabalhou em “O tigre e o dragão” e “Kill Bill”), como toda a direção de arte e fotografia são de primeira, com uma qualidade inquestionável.
O estreante João Daniel Tikhomiroff, que dirige o filme, teve até boa intenção ao deslocar o cinema brasileiro para caminhos novos, mas esqueceu que, todo bom filme precisa muito mais do que efeitos especiais mirabolantes e sim uma boa história bem contada. E mais uma vez nosso cinema tropeça no eterno vale das intenções mal ou não realizadas...

Dica de Música: "Canto de Ossanha" (Vinícius de Moraes)

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