A cinebiografia da famosa estilista Coco Chanel é como imagino que fora a biografada: sóbria, econômica e enigmática. “Coco antes de Chanel” é como o próprio título sugere, um filme que acompanha a vida desta personalidade até tornar-se o grande nome que foi. A diretora francesa Anne Fontaine procurou seguir a cartilha das biografias vigentes, o que trouxe um certo classicismo (com méritos) a história. A última e emblemática cena do filme é a simbiose deste conceito. O que me incomoda um pouco é a sensação de que Anne freou sua energia estética (tão presente em seus filmes anteriores) meio que para situar seu filme no mainstrein cinematográfico atual. O filme carece de certa pulsão para explorar o tal magnetismo de sua protagonista. Não chega a ser fabular, mas a sobriedade estagnou-se na definição de Coco, quando poderia ser usado para justamente ser subvertida. Isso fica claro quando, ao final da sessão, uma sensação de incompletude narrativa toma conta do espectador. Parece que o filme poderia render mais, não traindo àquilo que se propõe, mas por não retratar uma fase de forma mais, digamos, épica. Seria injusto só demonizar a produção já que, dentro de suas limitadas expectativas, a diretora fez um filme com classe e de agradável ambientação. Audrey Tautou imprime a tênue trajetória de ingenuidade e maturidade a que Coco foi submetida após ser deixada em um orfanato com sua irmã. Tautou é segura em suas nuances e transparece isso durante todo o longa.
“Coco antes de Chanel” poderia ter ido além do que se achava capaz, ou pertinente para mostrar. Mas preferiu se abstrair em sua própria embriologia. Coco era até afeita a economia, mas neste caso, a economia é de dimensão.
“Coco antes de Chanel” poderia ter ido além do que se achava capaz, ou pertinente para mostrar. Mas preferiu se abstrair em sua própria embriologia. Coco era até afeita a economia, mas neste caso, a economia é de dimensão.
Dica de Música: "It's amazing" (Jem)
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