Refilmagem de clássico de 1981, “Fúria de Titãs” é um retrato da indústria do cinema atual. Tanto em forma – com cenas de ação incessantes, efeitos bacanas e adaptação de velhos paradigmas de sucesso – quanto em discurso, uma vez que, se no filme original, a história que gira em torno de Perseus, um semideus, que luta contra o deus Hades, é motivada pelo amor de uma mulher, nesta adaptação, a luta do mesmo Perseus (vivido pelo “Avatar” Sam Worthingson) é desencadeada pela vingança. Nada mais século 21 do que ter a vingança como esteio dramático para uma trama de aventura. O cinismo contemporâneo jamais comportaria uma idéia de vingança por amor como no original, né? Enfim, para completar, com o sucesso absurdo de “Avatar”, o estúdio trabalhou as pressas numa conversão do filme para 3D, o que acabou deixando alguns efeitos visuais bem esquisitos. Só que diferentemente de seu concorrente quase direto no valioso período do verão americano “Príncipe da Pérsia”, a superprodução, dirigida pelo diretor Louis Leterrier (“O incrível Hulk”), aposta numa dinâmica bem descompromissada, por outro lado o filme passa batido pela falta de aprofundamento de seus personagens e comprometimento com a mitologia original. O sucesso que fez nas bilheterias americanas aponta para uma franquia. E a nós, reles espectadores com um pouquinho de consciência crítica restam-nos apenas torcer para que essas continuações venham acompanhadas de uma boa dose de ousadia.
Dica de Música: "Alejandro" (Lady Gaga)
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