Sabe aquele filme que você assiste e fica com a estranha sensação de ter visto algo muito fofo e, inversamente, muito cruel? Geralmente os filmes de Tim Burton propiciam isso (o lirismo de “Edward Mãos-de-tesoura” é de uma ambiguidade perturbadora) de forma mais recorrente. O filme “500 Dias com ela” do diretor Marc Webb (cotadíssimo para dirigir o novo filme do “Homem-aranha), me deu essa sensação de uma maneira bem pessoal. Trata-se de mais um filme que aborda as desilusões do amor romântico, sob a ótica cartesiana dos anos 2000: Quando Tom, azarado escritor de cartões comemorativos, fica sem rumo depois de levar um fora da namorada Summer, ele volta a vários momentos dos 500 dias que passaram juntos para tentar entender o que deu errado. Suas reflexões acabam levando-o a redescobrir suas verdadeiras paixões na vida. Webb é extremamente habilidoso ao buscar a assimilação da trama com o expectador, amarrando com sensibilidade os flashbacks que ajudam a compreender as desilusões do protagonista, vivido com graça pelo ator Joseph-Gordon Levitt. O diretor não economizou na utilização de certa poesia gráfica para ilustrar a constância (ou o contrário) que um relacionamento costuma sucumbir até ser capaz de arrasar as emoções de certos indivíduos (e quem já não sabe o que é isso...). O que o filme tem de mais valioso é a originalidade com que relata sua história, a princípio, um tanto batida. E também a forma como expõe, de forma quase prosaica, as vulnerabilidades humanas diante daquela coisa esquisita chamada amor. Com uma trilha sonora deliciosa, com a presença da cantora Regina Spektor, “500 dias com ela” foi lançado ano passado, mas só consegui assistir agora, senão, com certeza, estaria em minha lista de “melhores do ano”, mas não importância, pois já entrou para minha lista de melhores filmes que radiografam os relacionamentos amorosos. Nada como uma liturgia para encarar melhor a dor e a delícia de se viver a dois.... Dica de Música: “Us” (Regina Spektor) |
"Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte." Goethe não imortalizou essa máxima à toa. Sua teoria fundamenta a minha prática nesse blog que se propõe a discutir a arte em todas as suas vertentes: pois seja na cultura de massa, seja na linha da erudição, toda a forma de expressão artística vale a pena. O cinema que o diga...
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Reflexo coletivo
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