Creio que se hoje tenho uma boa base cultural devo muito a meu pai, falecido em 2003, que veio para o Rio, do Pará, no iniciozinho da década de 50 e com toda sua ignorância de quem veio do interior da época, era um apaixonado pela arte. Lembro bem de quando assistíamos juntos os grandes clássicos da Atlântida e aos hilários filmes de Oscarito. Além de seu amor eterno por Emilinha Borba – ele dizia que uma vez conseguiu tocá-la e ficou um bom tempo sem lavar as mãos – nutria grande simpatia pela atriz Dercy Gonçalves e isso e herdei dele. Aquele misto de esquizofrenia com humor de chanchada sempre me divertiu muito e até o fim de sua vida, recentemente, com mais de cem anos, eu procurava acompanha-la no que estivesse fazendo. Há pouco tempo assisti ao filme “Cala a boca Etelvina” de 1958, dirigido por Eurides Ramos, com Zezeh Macedo e Paulo Goulart no elenco. O filme possui a despretensão dos filmes da época e Dercy, definitivamente é engraçadissima com seus tiques caricatos. Sou apaixonado pelo filme “Noites de Cabíria” de Fellini e, conseqüentemente, pela atriz Giulietta Masina. Acho Derçy tem muito da graça e carisma da atriz italiana, só que claro, como boa atriz brasileira, não possui a dramaticidade ocular de Masina, pois sua graça se justifica em si mesma e isso que a tornou o que é. Tenho saudades daquela caricatura chamada Dercy, mas ela deixou uma herança artística bem equivalente.
Dica de Música: "Ele me deu um beijo na boca" (Caetano Veloso)
"Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte." Goethe não imortalizou essa máxima à toa. Sua teoria fundamenta a minha prática nesse blog que se propõe a discutir a arte em todas as suas vertentes: pois seja na cultura de massa, seja na linha da erudição, toda a forma de expressão artística vale a pena. O cinema que o diga...
sábado, 11 de julho de 2009
Saudade realmente não tem idade...
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