Em meio a efervescente discussão sobre a obrigatoriedade do diploma de jornalista (que efetivamente me coloca no meio, por ser um estudante de jornalismo), chega aos cinemas o filmaço “Intrigas de Estado” do diretor Kevin Macdonald, do bom “O último rei da Escócia”. O filme, baseado na minissérie de Paul Abbott, exibida pela BBC inglesa em 2003, gira em torno do repórter investigativo Cal McCaffrey (vivido por Russell Crowe), que tem oito horas para apurar uma história um tanto suspeita que envolve o congressista Stephen Collins (Ben Affleck), assassinatos (sendo a amante de Collins uma das vítimas) e uma possível conspiração envolvendo a PointCorp - corporação titã que fornece serviços para as guerras no Afeganistão e no Iraque. A trama, roteirizada por Tony Gilroy (pelo visto só tem dado ele no bom cinema americano atual), Billy Ray e Matthew Michael Carnahan, vai se revelando muitíssimo bem amarrada ao desvendar os eixos desse novelo, procurando sempre evocar a convergência inevitável entre o jornalismo tradicional e o jornalismo da era da internet, onde a velocidade dos blogs (ah?!) deram um novo patamar ao universo das informações. Kevin é um diretor esperto e isso fica claro em sua latente ambientação, preponderante na verossimilhança adquirida em todo aquele universo (como a precisa redação de jornal onde o filme se configura). O mérito do roteiro, endossado na direção, é sua capacidade de alinhar de forma plausível a trama, num discurso (e com diálogos) adulto, inteligente e, ainda assim, de tirar o fôlego. O único porém é seu desfecho, quando uma solução tola quase põe tudo a perder, mas aí já se passaram mais de duas horas de (ótimo) filme e a falha é perdoada. Rachel McAdams revela-se cada vez mais segura, fazendo boa dobradinha com Crowe, assim como Ben Affleck (correto), Helen Mirren (com sua costumeira precisão britânica) e Robin Wright Penn (que atriz sensacional) que, com seus papéis elevam o nível da produção (isso pois não citei as pequenas grandes participações de Jeff Daniels e Viola Davis). Além de realmente muito bom, o filme impõe-se pela pertinência de um ofício que se está sendo muito discutido, com a possível conclusão de que veículos não definem a qualidade da informação, mas sim aquilo que está entre a cadeira e o computador.
Dica de Música: "Wonderwall" (Oasis)
Nenhum comentário:
Postar um comentário