Shakespeare tinha uma frase ótima: “Fortes razões fazem fortes ações” e nesta lógica reside a razão de um belo programa como “Som e fúria” na televisão aberta. Baseado num programa canadense, a versão nacional foi escrita e dirigida pelo sempre ótimo Fernando Meirelles (que nos deu preciosidades como “Cidade de Deus” e “Ensaio sobre a cegueira”). É um típico “biscoito fino” para um veículo tão carente desse nível de entretenimento. Os bastidores de uma companhia teatral estatal, especializada em montar obras do famoso dramaturgo inglês sustentam toda a ironia (com seu próprio meio) e graça (quase “vaudeville”) da ação proposta. Muito bom o efeito conseguido com as analogias da obra de Shakespeare com o dia-a-dia do elenco retratado. E o mais bacana é que a série consegue ser erudita e popular, sem lançar mão de afetações de linguagem para ser respeitada. Claro que o êxito só completo pela acertada escalação do elenco: desde a redescoberta de Felipe Camargo (surpreendente), até a própria descoberta de talentos escondidos no meio, como no caso da maravilhosa Cecília Homem de Mello. Fora as certezas como Pedro Paulo Rangel, que ilumina cada cena que participa, Daniel de Oliveira, num dos personagens mais difíceis da série e Andréa Beltrão, que domina cada segundo em cena. Ela dignifica qualquer projeto que se meta. Um grande elenco para um grande projeto. Apesar de não ter feito muito sucesso de audiência (o que é uma pena!), é um modela a ser seguido, pois mais que modo de receita, “Som e fúria” é um instrumento de formação de platéias. Fortes razões fazem fortes ações!
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