sábado, 17 de outubro de 2009

Lente da verdade

Filmes que se propõem a mostrar um importante fato político do mundo são sempre interessantes e perigosos. Temos vários exemplos (bons e ruins) em toda a história do cinema e notamos que a arte usada como painel demonstrativo de uma era, pode ter efeitos geracionais bem pertinentes. Dos mais recentes, eu destacaria o trabalho genial de Spielberg em “Munique” (2005), onde remontou os acontecimentos posteriores ao seqüestro e assassinato de 11 atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique de 1972. Além de provar a dimensão de seu talento como cineasta, Spielberg conseguiu imprimir uma discussão perene sobre as complexidades do terrorismo no Oriente Médio.
Assisti recentemente ao filme “Todos os homens do presidente”, do diretor Alan J. Pakula, lançado em 1976. Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford), jornalistas do Washington Post, investigam a invasão da sede do Partido Democrata, ocorrida durante a campanha presidencial dos EUA, em 1972. O trabalho acabou sendo um dos principais motivos da renúncia do presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, em 1974. Foi o famoso escândalo de Watergate. A trama remete ao recente “Frost/Nixon”, trabalho surpreendente do (burocrático) diretor Ron Howard.
“All the President's Men” (nome original), é literalmente uma investigação dramatúrgica daquele fato tão polêmico na política americana, pois Pakula conduz uma direção quase documental para nos fazer entender cada meandro das motivações e revelações do caso Watergate. Se já é ótimo como documento histórico, o filme ainda levanta discussão sobre a relação homem e poder, por um âmbito público. A produção se insere na ótima safra de filmes políticos da década de 70, e possui todos os maneirismos da época.
Se a História for sempre justificada pelo prisma da sétima arte, pelo menos a discussão em massa estará assegurada.
Dica de Música: "Um móbile no furacão" (Paulinho Moska)

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