terça-feira, 25 de novembro de 2008

A espera de um milagre.


Impressionante (ainda que precoce essa afirmação) o trabalho do diretor J J Abrams no filme "Jornada nas estrelas" que será lançado em maio de 2009. Tenho profunda admiração por esse diretor desde "Felicity", para mim a melhor série sobre o universo jovem já feita na tv ianque, dado seu alto grau de existencialismo imbuído naquele universo pop. Depois de ter feito o melhor filme da franquia de "Missão Impossível" (vamos combinar que o terceiro e último filme consegue ser superior ao primeiro do estiloso Brian de Palma) e revolucionado o suspense televisivo com a incansável série "Lost", enfim, para os fãs mais aficcionados (com o qual eu não me incluo) saiu o trailer de "Star Trek", sob a batuta de Abrams. Pelo trailer pude perceber o trabalho incrível do diretor, que pegou um projeto mal fadado (todos os filmes da franquia apartir da década de 90 até o último "Nêmesis" foram fracassados) e conseguiu imprimir um visual moderno, ainda que respeitando as bases do passado e (insisto, pelo trailer) uma história bem mais persuasiva que os últimos filmes ofereceram. É esperar para ver. Procurem no youtube o trailer do filme.

Ah, já começam a pipocar o burburinho dos filmes do Oscar 2009. "Amo muito tudo isso" rs.




Dica de Música: "Cara estranho" (Los hermanos)

Como nossos filhos...






Estão nos cinemas dois filmes que representam, em eixos inversamentes opostos, uma parcela da juventude daqui e dos Eua de formas bem emblemáticas. Assisti à eles: os bons "High School Music 3" de Kenny Ortega e "Última parada: 174" do inconstante Bruno Barreto. Falar sobre os dois filmes pode soar estranho mas, como os assisti num curto espaço de tempo, quase no mesmo dia (e suas estréias brazucas foram no mesmo dia), fiquei refletindo sobre as discrepâncias que se estabelecem no retrato desses dois universos.





Na poderosa franquia da Disney, eficientemente dirigida por Ortega (pelo menos naquilo que ele se propõe), vemos que, em tempos de Obama, um esforço lascivo de se imperar o politicamente correto, vertende da qual a empresa já vem trabalhando desde o início da cinessérie televisiva. Uma protagonista hispânica, uma gordinha como uma das melhores bailarinas do grupo, enfim, são muito os discursos que permeiam todo o filme afim de se inserir a idéia (democrata?!) de multiplicidade ao mundo (inclusive para os mais perceptivos, há até uma indefinida inserção de um personagem levemente homossexual (republicano?!) no grupo). Santa Disney!!! Mas o contraste que se abateu sobre mim não fora esse; mas sim o choque que se estabelece entre àquela realidade e a nossa, principalmente assistindo ao filme "Última para:174". Enquanto Troy e cia empregam seus dilemas nas inconstâncias de suas decisões futuras, nos extremos entre o prazer e carreira profissional, a nossa nem tem a oportunidade de ter, mas sim apenas de ser o grande dilema que nada mais é que uma grande herança da sociedade partida (grande Zuenir) a que fazemos parte.


Como cinema, "High School Music 3" endossa a bandeira de sua empresa e tece um mundo perfeito em meio à puberdades dançantes. Chego à conclusão que essa apatia não é um defeito. O filme, como um todo, lembra-me àqueles grandes musicais do século passado, onde Gene Kelly e Fred Aitaire desfilavam graça e talento com coreografias reluzentes. A simplicidade do roteiro dá luz a sua verve musical transformando HSM3 num grande espetáculo. Insípido mas encantador. Já o filme de Bruno Barreto, representa um salto e tanto em sua carreira. Se bem que sua trajetória é marcada por lapsos de genialidade bem remotos, afinal a distância que demarca seus filmes mais relevantes é medida pelo tempo entre o ótimo "Além da paixão" de 1984 e o impactante "O que é isso companheiro ?" de 1997. Nesse filme, que remonta a trágica história do assalto ao ônibus 174, no bairro do Jardim Botânico em 2000, Bruno se mostra em estado de glória com uma direção precisa, pautada num roteiro bem interessante. Mas, se como cinema a produção é um acerto (mesmo que tenha diminuído seu clímax, tornando o assalto em si quase irrelevante na história, o que é um erro imperdoável), como discurso é altamente questionável. Vitimizar a figura do Sandro (sequestrador) para justificar um cenário social foi um caminho um tanto equivocado. Vítima por vítima tínhamos a maior de todas ali que foi a Geíza (praticamente figurante no filma), morta (grávida) como refém do sequestrador em meios às trapalhadas da polícia. Ela sim merecia um filme de sua saga, pois veio do nordeste para tentar uma vida melhor no Rio e teve seus projetos ceifados por um inconsequente, na volta para sua casa. Não tenho dúvidas - e o excelente documentário "174" de José Padilha corrobora essa compreensão - de que parte de nossa sociedade muito das mazelas sociais que temos vivido. Mas vítimas somos todos e nos transformamos em heróis (nem que para nossas próprias consciências) quando procuramos reverter aquilo que nos é estabelecido. Até porque para cada Sandro, existem várias Geísas por aí, só que finais bem mais felizes.

Dica de Música: "Viva La Vida" (Coldplay)







sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Quanto vale "Quantun..."?


Estréia hoje mais um filme da franquia 007, "Quantum of solace". Após o impressionante êxito de público e crítica do filme anterior “Cassino Royale”, onde os seus ferrenhos produtores redefiniram a franquia, procurando contemporanizá-lo com fartas doses de realismo (reflexos de “Bourne”?), inclusive trocando seu protagonista por um (bom) ator loiro e sem a costumeira cara de galã maduro em comercial de uísque britânico, vemos, nesta nova aventura do espião inglês, que essa reinvenção ainda é latente. A improvável escalação do diretor Marc Forster (responsável por verdadeiras fábulas como “Em busca da terra do nunca” e “A última ceia”) foi um dos caminhos para essa reinvenção procurada. Neste filme, pela primeira vez na história da série tratando-se de uma continuação da história anterior, Forster emoldura um Bond imerso em sua busca por vingança pela morte de sua pseudo-bondgirl Vesper. Essa testosterona é personificada em demasiadas cenas de ação, restando pouco espaço para implementar as razões da trama em si (como fora feito eficientemente em “Cassino Royale”). Ainda que contenha uma das cenas mais bacanas de toda a franquia 007 – dentro de um concerto de ópera, onde Forster aliou espertamente o lirismo do cenário à tensão da ação proposta – o roteirista Paul Haggis, procurando dar uma arrojada no argumento, acabou traçando uma linha narrativa mais simplista do que simplória, resultando num filme aquém de seu prólogo. “Quantun of solace” é imperfeito, mas ainda assim superior a muitos dos filmes da série, inclusive da tal fase áurea de Sean Connery. As assertivas escalações do ator francês Mathieu Amalric (emprestando credibilidade a seu vilão Dominic Greene) e da neo-bondgirl ucraniana Olga Kurylenko (talvez um dos poucos ranços dos velhos filmes, dado seu grau de sensualidade involuntária) confirmam o caminho que o James Bond pós-moderno pretende seguir daqui para frente.
E como filme de 007 que se preze é marcado pela pomposa trilha inicial, “Quantun” não fugiria a regra. Após boas canções seguidas (de Madonna com seu enérgico “Die another Day” no filme homônimo à Chris Cornell uivando em "You Know My Name" em meio a reis de copas e afins em "Cassino Royale"), no novo filme, temos a interessante contribuição de Jack White (com a simpática participação de Alicia Keys) com a vibrante "Another Way to Die". Musicaço!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Bloco do eu sozinho!!!



Hoje é meu aniversário, e nada como a obra do genial artista Edward Hopper para expressar esse momento...

O grande pintor Edward Hopper consegue, como poucos, expressar um estado de espírito através de seus pincéis. Sua obra é sempre imbuída de grande sensibilidade e adornada pelos mistérios da solidão humana. Morreu em Nova York, em 1967, e seus trabalhos podem ser vistos no Museu de Arte Moderna novaiorquino e no Instituto de arte de Chicago. Um grande presente para os olhos e um convite a uma auto-análise.






Dica de música: "Glory box" (Portishead)





quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Gringo tardia !!!



Apesar de ser um ouviente constante da cantora Maria Rita (reflexo de minha devoção à sua mãe) não havia me entusiasmado muito com seu último lançamento "Samba meu". Tanto que nem comprei o cd (e olha que tenho todos os seus cds lançados). Isso se explica ao fato de não ser lá muito chegado a um sambinha (sei, devo ser ruim da cabeça, rs). Não que deteste o gênero. Gosto das desinências dele com a bossa nova, o jazz e os clássicos como Cartola (''A vida é um moinho") e Zé Ketti ("Eu sou o samba" deveria ser o estandarte do gênero). Mas daí um cd inteiro de samba, não me comoveu. Até que uma amiga (sambista de primeira, loura e burguesa!!!) insistiu para que eu visse o dvd deste cd e conheci a belíssima música "Trajetória". Nunca pensei que fosse gostar de alguma música de Arlindo Cruz. Que música sensacional. A letra exprime uma dor desconsertante e na voz condescentente de Maria Rita essa sensação só se potencializa. Não digo que apartir daí me tornei um sambista de primeira, mas, ao menos, passei a atentar melhor ao que de novo tem surgido nesse acolhedor mundo do samba.


Casa negra, sim senhor!


Pois é, Obama chegou ao poder. Agora uma onda de otimismo se insere no planeta. Há um caminhão de retóricas nessa vitória: assim como um índio "cocaleiro" chegou ao poder na Bolívia (mesmo que depois tenhamos visto que essa "beleza" só constava na condição e não na forma), um metalúrgico tenha vencido preconceitos e - com votação histórica - se impondo na cadeira presidencial brasileira, vemos um afro-descendente comandando o país mais importante do globo. O futuro já começa a se mostrar mais interessante só pelo fim dos paradigmas do presente. Obama não é nenhuma espécie de Messias, mas após um governo tão desastrado e desonesto (com a própria América!) como o de Bush, sua persona imprime um viés (r)evolucionário afim de dias melhores, seja no Oriente Médio, seja na rua de minha casa.


Dica de Música: "Like a rolling stone" (Bob Dylan)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

???

HOPE ?! ...






Reticências...







Eu costumava reger o mundo / Mares se agitavam ao meu comando / Agora, pela manhã, me arrasto sozinho / Varrendo as ruas que costumava mandar / Eu costumava jogar os dados / Sentia o medo no olhos dos meus inimigos / Ouvia como o povo cantava:"Agora o velho rei está morto! Vida longa ao rei!"
Trecho (muito pertinente) da "Viva la vida" da banda Coldplay



Dica de música: "American Pie" (Madonna)




Jukeboxx



A banda U2 adiou para ano que vem o lançamento de seu aguardado novo cd. Mas, vamos combinar, que após um ano de lançamento dos (ótimos) novos cds de Coldplay (Viva la vida) e Radiohead (In Rainbows), com verdadeiros clássicos pós modernos como as canções "Violet Hill" do primeiro e "Nude" do último, não dá para ficar tão desesperado assim com a demora né. Depois do bom último cd "How to Dismantle an Atomic Bomb", a banda irlandesa está com a moral em dia para cativar muitas expectativas nesse novo álbum. E também muitos dólares, já que sua turnê costuma ser das mais rentáveis do showbizz.

Dica de música: "City of blinding lights" (U2)

"Segundas Intenções"


Comprei - nessa coleção de clássicos da "Veja" - o filme "Ligações perigosas" ("Dangerous Liaisons") dirigido pelo craque Stephen Frears (do emblemático "A rainha"). É um filme oitentista que sempre tive muita curiosidade de assistir (pois é, comprei às cegas!). Muito pelo fato de a história ser bem instigante (aquele jogo de sedução e poder na França pré-revolucionária é um chamariz e tanto) e também pelo fato do autor Gilberto Braga (que eu adoro!!) sempre o citar como grande livro e filme (inclusive pude perceber traços fortíssimos desse filme em sua novela "O dono do Mundo" de 1991). Bem, o filme é maravilhoso. A atriz Gleen Coose rouba a cena como o grande eixo de conflito da trama; muito bem amparada pelo carisma do grande John Malcovich e pela graça (quase estreante) das atrizes (taurinas!) Michelle Pfeiffer e Uma Thurman. A grande graça é perceber que Frears, assim como no recente "A rainha", procura deixar a atmosfera do história conduzir a ação proposta, sem interferir com maneirismos hedonistas. Ótima escolha, uma vez que o filme é repleto de cenas memoráveis, como as do desfeixo da personagem de Gleen: Impressionante. Belo filmaço.

Dica de música: "Caramel" (Suzanne Vega)




segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Além das retinas



O que que é "Ensaio sobre a cegueira"??? Aguardei esse filme com muita expectativa por vários motivos. Primeiro por ser fã inveterado da obra de Fernando Meirelles, uma vez que nos entregou filmes sensacionais como a obra-prima tupiniquim "Cidade de Deus" e o contundente (e de certa forma violentíssimo) "O jardineiro fiel". Depois, pelo fato de "Ensaio sobre a cegueira" do autor português Jose Saramago ser um dos meus livros favoritos, principalmente pelo impacto assimilador que ele causa. Então não tinha como ficar indiferente ao lançamento do filme. E atesto: o filme, além de continuar honrando a obra de Meirelles, é tão bom quanto seu livro inspirador. O que mais me chamou atenção no filme foi a impressionante capacidade de nos fazer refletir (que, convenhamos, é um luxo nos dias de hoje). Ninguém sai imune a sua força quase psique e sensorial. No cinema mesmo em que assisti, vi pessoas revoltadas com o filme, assim como outras que ficaram paralisadas na cadeira após a sessão.




Se fizermos um retrospecto da pequena obra de Meirelles, veremos que, além do ranço literáreo de seus filmes (à exceção do singelo "Domésticas" nos anos 90), o cineasta busca retratar o indivíduo e seu meio de uma maneira violentamente iconoclasta. Seja na embriologia de uma sociedade partida ("Cidade de Deus), seja na hierarquização de uma mazela mundial ("O jardineiro fiel"). Nesse filme somos confrontados com nossos próprios reflexos quando posicionados em situações extremas. E aí, vemos que qualquer noção de civilidade não comunga com a máxima de humanidade. Se no livro, Saramago escreve a gramática da complexidade humana, em celulóide, Fernando Meirelles ilustra que se "os olhos são a janela da alma", qualquer cortina pode ser nociva para todos os sentidos, físicos e psicológicos. Enfim, é um filme obrigatório!!!

Dica de música: "The Sinnerman" (Nina Simone)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Buenas...



"A arte existe para que a realidade não nos destrua."