sábado, 17 de outubro de 2009

Jazz na puberdade

Não sei se pela minha forte verve jornalística, mas tenho uma mania de, quando gosto de determinado som, querer destrinchar TODA a carreira discográfica dele. Parece que isso ajudaria a compreender a suposta genialidade da coisa. Às vezes me decepciono, como quando me desencantei com a (pequeníssima) obra do Arctic Monkey ou percebi que não era tão fã do Barão Vermelho como pensava (ainda que continue achando uma das melhores bandas de rock nacional, pena terem limitado sua produtividade relevante aos anos 80). No momento estou “investigando” todos os discos da cantora americana Tracy Chapman. Que talento tem essa mulher. Engraçado que já estou indo para o quarto cd dela e, ainda que, disco após disco, ela mantenha certa uniformidade sonora, suas músicas conseguem passar por uma surpreendente renovação melódica. Mas isso fica para um futuro post só sobre ela. Atualmente estou encantado com a obra do cantor inglês Jamie Cullum. Sua discografia também é bem pequena, mas irrepreensível. Seu primeiro cd foi “Pointless nostalgic”, em 2002 e o último – que fez relativo sucesso no Brasil – “Catching Tales”, três anos depois. Cullum, que também é pianista, se notabilizou pela singular roupagem pop que dá ao jazz em suas músicas. Seu repertório é cheio de standarts, mas diferente de Michael Bublé (cantor canadense que até simpatizo, mas mais condescendente ao gênero) personaliza os grandes clássicos que canta. Sua própria voz – charmosamente suja e rascante – contribui para esse paradoxo sonoro de suas roupagens. Engraçado que, ouvindo qualquer uma de suas músicas, logo somos remetidos as luzes cosmopolitas de New York ou ao som de uma lareira londrina a dois. Experimente ouvir as ótimas “My Yard”, “Mind Trick”, “All at Sea”, dentre outras. Atestamos a qualidade de um artista justamente quando sua arte consegue nos fazer suscitar sensações, de Villa Lobos a Radiohead é assim. O cantor, que praticamente lançou um disco por ano, desde que surgiu, está há mais de 4 sem lançar discos. Há uns dois anos o cantor esteve no Brasil e fez um animadíssimo show na Sala Cecília Meirelles, no Rio. Pelas críticas dos jornais na época, lembro que sua performance no palco foi muito elogiada por sua convergência personalista. Aí pude confirmar que seu entusiasmo artístico não se limita a um formato sonoro, pois seu talento por si só, é justificável.


Dica de Música: “High and Dry” (o próprio!)

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