domingo, 19 de dezembro de 2010

Michael Jackson ainda é maior que o oportunismo que o cerca

Definitivamente a obra de Michael Jackson é muito superior ao oportunismo circense em cima de sua morte. Isso fica bem claro quando analisamos o mais novo emblema dessa sangria póstuma: o cdMichael, novo álbum de inéditas do astro.

É um daqueles projetos que visam claramente espremer dólares do “corpo” de Michael, mas por incrível que possa parecer o resultado é bem acima da média.

O cd vem com dez músicas e uma capa que busca a memória afetiva do fã com um visual bem característico dos tempos áureos do cantor.

Hold My Hand, abre o disco e externa uma previsível parceria com Akon… A canção é bem bonitinha e demonstra a junção do viés épico das canções de Jackson com o hip hop pasteurizado do cantor de origem senegalesa.

Hollywood Tonight é puro Jackson dos anos noventa, com seu pop efervescente sempre as vias de uma catarse melódica. A batida é contagiante e fico me perguntando como deixaram essa música de fora de discos anteriores.

Keep Your Head Up é uma baladinho que fala de superação (tão recorrente na obra do astro) que nada acrescenta ao todo.

I Like The Way You Love Me é outra pérola esquecida. Sua natureza soul é perfeita a melodia quase sessentista que o cantor converge de forma sensacional. Uma das melhores músicas do cd e do acervo dele.

Monster, com participação de 50 Cent , evoca um Michael mais contemporâneo, dialogando com as novas configurações do R&B, tão em voga no showbizz contemporâneo americano… O rapper aparece de forma absolutamente previsível na canção, mas é uma hit convincente.

Best of Joy é daquelas que daqui há uns anos estará no insistente line up de rádios como Antena 1 eParadiso FM. E isso é um bom sinal sim…

Breaking News é assustadoramente biográfica. Sua letra é fel puro contra as intimidações da imprensa frente a vida do astro. Mas nada é gratuito aqui: a música é riquíssima em sua melodia vocal. É impressionante como o cantor consegue imprimir sempre uma mesma marca mas de forma inovadora. É “a” música do disco.

(I Can’t Make It) Another Day, anunciada parceria com o cantor Lenny Kravitz é mais do mesmo. E até agora fico me perguntando qual a representatividade de Kravitz na música e no CD como todo? Ficar repetindo o coro? Fraquíssima.

Behind the Mask é a grande prova que Michael era um grande maestro de sonoridades. Essa música aponta para esse feeling que tanto fez a diferença em seu repertório. Para ser descoberta aos poucos… Nas segunda ou terceira vez, você já está apaixonado…

Much to Soon é uma das faixas que sobraram do clássico Thriller, de 1982. Há um certa ingenuidade em sua concepção, bem característica da época e serve para fechar o CD de forma melancólica.

Michael, no geral, é mais interessante que Invencible, até então o último CD de inéditas do astro. É a comprovação de que mesmo as tais sobras de estúdio que o cantor mantinha é ainda muito superior a grande maioria do que se é produzido hoje, sob a pecha do pop. E ainda nos faz lamentar, mais uma vez, essa perda.

Dica de Música: Ouçam o CD, que vale a pena!

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