Olhando para a situação do nosso (!) Senado hoje é fácil constatar que os bandidos de antigamente tinham muito mais personalidade. Principalmente os bandidos que, de alguma forma, mexiam com instituições. John Dillinger que junto com Baby Face Nelson e Pretty Boy Floyd, eram os mafiosos mais famosos e procurados dos EUA, na Grande Depressão, da década de 30. E, pela excentricidade de seus atos, não subjugava a mitificação em cima de seus nomes. Dillinger é o protagonista do filmaço de Michael Mann “Inimigos públicos”, um filme de gangster que, não só reverencia os maneirismos do gênero em sua estrutura, como impulsiona essas diretrizes dado o realismo intrínseco na visão segura de Mann. O cineasta, que nunca decepciona, seja no universo crítico do corporativismo, na obra-prima “O informante”, seja na tensão polarizadora imposta em “Colateral”, é meticuloso no impacto que quer causar com aquele universo. Johnny Depp, de cara limpa e com uma força interpretativa assustadora, imprime humanidade a essa lenda urbana, contribuindo muito para o atrito homem/mito que se estabelece na produção.
Filmes biográficos são sempre perigosos, mas Mann, que já havia dirigido outra cinebiografia, “Ali”, com Will Smith, com competência, soube fugir do relicário costumeiro do gênero e buscou na obsessão, tanto do FBI (personificado pelo personagem do ator Christian Bale) em capturar, quanto de Dillinger e seus iguais, em não se deixarem ser capturados, a força narrativa do filme. A obsessão no filme, encontra seu ponto nevrálgico nas razões de ambos em reafirmar-se naquele cenário. É uma produção que, indiscutivelmente, merece ser lembrada no Oscar. Por Depp e sua desconstrução de personagem, e por Mann pela visão aguçada e iconoclasta de um mito, conseguindo transformar o título do filme num interessante oxímoro.
Após o ótimo “Os Infiltrados”, onde Scorcese se redime das megalomanias de seus últimos filmes, os filmes de gangster encontram novos rumos na década de 2000.
Dica de Música: "In my heart" (Moby)
Filmes biográficos são sempre perigosos, mas Mann, que já havia dirigido outra cinebiografia, “Ali”, com Will Smith, com competência, soube fugir do relicário costumeiro do gênero e buscou na obsessão, tanto do FBI (personificado pelo personagem do ator Christian Bale) em capturar, quanto de Dillinger e seus iguais, em não se deixarem ser capturados, a força narrativa do filme. A obsessão no filme, encontra seu ponto nevrálgico nas razões de ambos em reafirmar-se naquele cenário. É uma produção que, indiscutivelmente, merece ser lembrada no Oscar. Por Depp e sua desconstrução de personagem, e por Mann pela visão aguçada e iconoclasta de um mito, conseguindo transformar o título do filme num interessante oxímoro.
Após o ótimo “Os Infiltrados”, onde Scorcese se redime das megalomanias de seus últimos filmes, os filmes de gangster encontram novos rumos na década de 2000.
Dica de Música: "In my heart" (Moby)
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