terça-feira, 25 de agosto de 2009

(I)maturidade


Em uma franquia cinematográfica fica muito difícil alinhar um nível qualitativo a cada filme lançado. “Star Wars” e “Jogos Mortais” estão aí para comprovar, e agora “Harry Potter e o enigma do príncipe”, sexto filme da saga literária criada pela inglesa J.K. Rowling vem para reforçar esse estigma. A trajetória destas adaptações são bem tortuosas, começando com o didatismo pueril dos primeiros filmes de Chris Columbus, alcançando a maestria no sombrio e maduro “Prisioneiro de Azkaban” com a direção latina de Alfonso Cuarón, caindo na entropia “low profile” com o diretor britânico Mike Newell em “Harry Potter e o cálice de fogo” e chegando aos dois últimos filmes, já dirigidos pelo desconhecido David Yates: o bom “a Ordem de Fênix” e este novo filme. Yates, com larga experiência na direção de clipes e comerciais, fez uma boa estréia no filme anterior, onde equilibrou bem o andamento da história com a ação proposta no livro de origem, mas neste novo capítulo da superprodução, parece que sua vitalidade no manejo daquele universo perdeu o fôlego. Ao tentar equacionar os meandros da puberdade do bruxinho e cia, com sua fase mais perturbadora (e concomitante com seu destino), a direção perde-se em suas próprias pretensões. Até as cenas mais clássicas da franquia, como o espetáculo visual que o jogo de quadriball rende, soa deslocado demais. Assim como dois dos momentos mais esperados deste sexto filme: a morte de um importante personagem, que quando ocorre, já estamos cansados demais para termos alguma reação emotiva, e a justificativa do subtítulo, que de tão anticlimático, quase nem percebemos que se passou. Não que o filme não tenha cenas que valham a pena, mas são extremamente sazonais e a sua excessiva duração é sentida a cada minuto.
A crítica e os ardorosos fãs se dividiram na avaliação do longa. Como nunca li nenhum dos sete livros, só me atenho as suas adaptações para o cinema. Yates dirigirá os outros dois últimos filmes e creio que por optar por dividir o último livro em dois, a coisa funcione melhor. No momento. “Harry Potter e o enigma do príncipe” foi mais didatismo e (muito) menos fantasia. Parece trabalho de “trouxa”.

Dica de Música: "Via láctea" (Legião Urbana)

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