O cinismo chegou a tamanho grau de pulverização na era moderna que atrações iconoclastas como “Saturday Night Live”, “Casseta e Planeta”, “Pânico” e “CQC” são rapidamente absorvidas e, automaticamente, banalizadas. Talvez por isso a nova comédia do intrépido ator britânico Sacha Baron Cohen (o mesmo que fez barulho com “Borat”, em 2007) “Brüno”, não tenha a mesma força que teria se fosse lançado há uns 4, 5 anos antes. O politicamente incorreto anda tão corriqueiro que a retórica acaba por ser mais interessante. Conceitualmente parecido com o “Borat”, “Brüno” também é um filme bem irregular, principalmente por não sustentar a sua premissa durante a (até) pequena duração do filme. Antes da primeira meia hora a piada já cai no reducionismo. A (se é que pode se dizer assim) proposta de apontar o anacronismo social dos americanos, pelo ponto de vista de um excêntrico repórter (ultra) gay não é de todo bem sucedida – diferente do choque cultural proposto no filme de 2007 – pelo artificialismo impresso no roteiro, aqui mais farsante que documental. No início, quando se propõe a apontar a frivolidade do mundo da moda, Brüno é mais interessante e espontâneo, mas dali para o fim, o espectador transita na linha tênue entre a risada nervosa e o choque, com os absurdos na tela (acredite, tem até um pênis real que fala). Um dos poucos momentos inspirados é quando o protagonista participa de um programa de auditório, em Dallas, com seu filho que acabara de adotar na África (segundo ele, se Angelina Jolie e Madonna podem, por que não ele?). A reação indignada da platéia diante de suas argumentações são a melhor coisa do filme.
Ao final, creio que para compensar a frustração, um time de estrelas como Bono Vox e Elton John aparecem num clipe bem bizarro.
O filme acompanha a vertente dessa banalização que disse no início, mas neste caso, faltou rir mais de si mesmo para que a graça saísse involuntária.
Ao final, creio que para compensar a frustração, um time de estrelas como Bono Vox e Elton John aparecem num clipe bem bizarro.
O filme acompanha a vertente dessa banalização que disse no início, mas neste caso, faltou rir mais de si mesmo para que a graça saísse involuntária.
Dica de Música: "A la la" (CSS)
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