sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Lua rasa

Definitivamente é impossível ficar imune aos fenômenos que se estabelecem no cinema a cada ano. Se as picardias causadas por certo bruxinho bilionário andavam dando trégua, agora eis que surge uma nova (e, óbvio, também lucrativa) franquia: a saga iniciada com o filme “Crepúsculo”, sendo continuada com o lançamento de “Lua Nova”, monopolizando quase todos os cinemas mundiais.
Não li os livros (comecei a ler o primeiro mas a escrita da autora Stepheine Meyer não me entusiasmou) e a abrangência que tenho da trama é só mesmo do cinema. Meyer, apesar de manejar sua obra pelas facilidades da mediocridade, foi muito criativa ao propor alternativas ao batido universo vampiresco, e isso eu percebi desde o primeiro filme. A autora lecionava literatura inglesa e se valeu de seu academicismo para lançar mão de estratégicas literárias um tanto oportunistas, mas que comunicam direitinho com o público adolescente, em especial o feminino. “Lua Nova” é eficiente nesse diálogo. Tive o desprazer de assistir ao filme num cinema repleto de adolescentes com a puberdade explodindo (cada cena era complementada com gritinhos ensurdecedores... cilada total) e era latente confirmar o poder e alcance que a saga vem conquistando nessa geração. Mas se por um lado o marketing é epidêmico, marcando o cenário pop dos anos 2000, por outro, sua profundidade – ainda que dentro do que se propõe – é de um pires. Os diálogos são sofríveis (“você já me deu tudo só por existir”; “a única coisa que impede de me matar é você” são alguns exemplos) e a insistência (creio ser dos produtores e não da direção) em situar o ator Taylor Lautner sem camisa (e devidamente marombado) para cativar a libido das debutantes são tão irritantes quanto seu público alvo.
Há de se considerar que o diretor Chriz Heitz fez um bom trabalho, principalmente na condução formal do filme. Muitas soluções são criativas e creio eu, contribuem mais a história do que o próprio livro. Assim com a trilha sonora (com participação de luxo de Thom Yorke, do Radiohead, em trabalho solo) que chega a soar dissonante pela qualidade.
Ainda mantém-se o desnível dos protagonistas, com a bonitinha da Kristen Stewart numa interpretação que varia entre a letargia e a apatia e Robert Pattinson brilhando em cada exigência dramática que o roteiro lhe impõe.
Não seria prudente afirmar que o filme é de todo ruim. Ótimo também não é. Apenas limitado a sua própria pretensão.

Dica de Música: "You got the love" (Joss Stone)

2 comentários:

*Jessie* disse...

86Oi, Renan.
Acompanho seu blog e adoro seus textos.
Só achei importante dizer que o Taylor ficar aparecendo sem camisa no filme não foi só coisa da produção.

Eu li os livros e realmente ele passar a andar sem camisa e até descalço pq toda vez que se transforma, lá se vão as roupas e o calçado. O pai dele inclusive reclama disso, mas isso ficou fora do filme, como mtos outros detalhes.

Acho até que a produção peca nesse sentido. Dão corda d+ pros diálogos chatos e tiram coisas mais interessantes que, pra quem não leu o livro, faz falta pra compreender alguns fatos.

Cinerenan disse...

Sim, tenho amigos leitores e fãs que já tinham me alertado mas inegavelmente, como cinema é bem questionável.
obs: Obrigado pelas palavras