terça-feira, 7 de abril de 2009

O estandarte carioca !

Antes tarde do que nunca. Estou para postar esse comentário há algumas semanas, e, só agora consegui terminá-lo. É que saiu a listagem anual com os dez melhores filmes de 2008, segundo a Associação de Críticos de Rio de Janeiro (ACC-RJ). Trata-se da visão dos críticos para os principais veículos de comunicação da cidade, sobre o que passou pelos cinemas no ano passado. “Onde os fracos não têm vez” dos irmãos Joel e Ethan Cohen, foi considerado o melhor filme de todos .
Gosto do filme. Aliás, qualquer filme dos Cohen é digno de atenção pela forma peculiar e original de filmar suas improváveis tramas. Esse filme, baseado no difícil livro de Cormac McCarthy, consegue provocar uma espécie de tensão pitoresca no expectador, principalmente pela arrepiante performance de Javier Barden. Apesar das qualidades, não o considero o melhor filme de 2008. É um bom filme, mas não excelente: Os Cohen reverenciam demais o ranço literário da história, o que fica notório em seu desfecho, quando o discurso – expansivo em seu conteúdo – fica limitadíssimo na forma.

“Sangue Negro” também é um trabalho de autor, já que o singular cinema de Paul Thomas Anderson não tem como ser avaliado de forma diferente. A trajetória de um homem e sua co-relação com o petróleo descoberto, é contada de forma impactante pelo cineasta. As reflexões levantadas, espelham o estado de espírito político de um país (Eua) tão conflituoso quanto seu personagem principal. Daniel Day-Lewis é tão eloqüente, na defesa de seu protagonista, que até hoje me pergunto se o filme é bom por causa do ator ou o ator tem aquela (oscarizada) performance por causa do poder do filme.

“Não estou lá” se propõe a fazer um painel evolutivo da vida do cantor Bob Dylan, através das mensagens de suas músicas. Não gosto do filme, apesar de reconhecer sua ousadia. O diretor Todd Haynes até fez um interessante ensaio sobre a obra desse artista, mas limitou essa ousadia aos fãs (“clubes”) dele. Portanto, acaba que seu hermetismo enfraquece o alcance a um público mais amplo.

“Estômago” de Marcos Jorge, como já disse num post anterior, tem um roteiro primoroso. A produção é de uma simplicidade artística interessante, e a direção de Marcos – segura e apaixonada – confere uma áurea cult ao projeto. Protanizado por um João Miguel muito à vontade, o filme merecia carreira melhor nos cinemas.

“Vick Cristina Barcelona” é mais um filme que vem para derrubar a (tola) teoria de que Woody Allen havia perdido o senso criativo de seus filmes das décadas de 70 e 80. O filme, nada mais é, que uma observação saliente das relações amorosas na modernidade. O sarcasmo Woodialliano ainda está calibrado para refletir as gerações futuras e manter-se relevante. Dos sete filmes que vi, dessa lista de dez, é, sem dúvida, o melhor e mais interessante de todos.

“Wall-E”, trata-se de uma animação que respeita a inteligência do público, independendo da faixa etária. O diretor Andrew Stanton já é um expert nessa façanha, principalmente, ao aliar um roteiro espirituosamente crítico com um depuramento visual atraente. Creio que a principal razão dessa animação estar na lista, além da qualidade, é a ousadia narrativa que o filme oferece. Uma pérola improvável.

“O escafandro e a borboleta” de Julian Schunabel, é dos melhores filmes da safra atual do cinema francês. A história verídica do ex-editor da Revista Elle, que fica tetraplégico, e precisa se comunicar com o piscar dos olhos, é uma aula sobre o sentido de sobrevivência e o afeto que isso pode resultar. Schunabel foge do comodismo de uma narrativa comum de biografia, para emoldurar sua fábula, dando ênfase, não na apresentação de uma trajetória, mas na construção uma história de vida.

Os outros filmes citados são “Antes que o diabo saiba que você está morto” de Sidney Lumet; “Queime depois de ler”, também dos irmãos Cohen e “Paranoid Park” de Gus Van Sant. Três filmes de diretores que gosto bastante, mas que, infelizmente, não os assisti ainda. E não posso deixar de salientar que senti muito a ausência dos filmaços “Batman – o cavaleiro das trevas” e “Desejo e reparação” (que acho que deveria ter ganho o Oscar do ano passado).
Para quem ainda não assistiu, ficam as dicas desses filmes.

Dica de música: “Kiss from a rose” (Seal)







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