segunda-feira, 12 de julho de 2010

O silêncio do sentir...

Jane Campion é uma diretora de sutilezas. Seus filmes exprimem muito mais do que externam. Não à toa “O piano”, sua produção mais premiada e ganhadora da Palma de Ouro em Cannes, é um grande exercício sensorial que toca mais ao espectador do que necessariamente dialoga. Quando tenta “trair” essa sua lógica, Campion erra feio, como no desastroso “Carne Viva”, uma tosca tentativa de “Instinto selvagem” dos anos 2000. Em seu mais novo filme a diretora retoma seus princípios artísticos ao dramatizar as cartas de amor trocadas entre o poeta inglês John Keats e a estilista Fanny Brawne, no século 19. O filme é ainda mais interessante pois é construído mesmo como uma poesia, com uma narrativa mais poética, lenta e passional. Não é para todos os gostos. Mas vale ressaltar que até eu, que não sou muito fã de poesia, fiquei envolvido com a carga emotiva crua e etérea da construção daquele envolvimento e de seu fim (de muitas formas) dramático. Trata-se de um grande filme onde mesmo com o final bastante conhecido (principalmente para os europeus), o impacto conclusivo ainda surpreende.


Dica de Música: "So in love" (Caetano Veloso)


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