Invariavelmente o humor na televisão se sustenta pelos pilares dos arquétipos fáceis, sem nenhuma assimilação crítica. Por isso, uma das boas surpresas na tv aberta é a série “Opaíó” da Tv Globo, que acabou de encerrar sua segunda temporada. A emissora, que nos últimos anos tem investido mais na concepção de séries, ora acertando, como o bom “Força Tarefa”, ora errando feio como o insosso “Dicas de um sedutor”, foi esperta ao atentar para o potencial do filme original de Monique Gardemberg (que é bem inferior a série) e cercou o projeto com o melhor da casa, já que os episódios contam com o roteiro de Guel Arraes, Adriana e João Falcão, alguma das mentes mais criativas do cenário atual, assim também como a direção Jorge Furtado (um dos melhores cineastas brasileiros, com filmes como “O homem que copiava” e “Saneamento básico”) e Mauro Lima (de “Meu nome não é Jhonny”). Esse “entourage” é vital para a qualidade do programa, além é claro, do excelente grupo de atores originais do Bando de Teatro do Olodum, tradicional grupo de teatro da Bahia que faz um trabalho interessantíssimo e que se confunde com a cultura histórica baiana de uma forma geral. Pude assistir a um espetáculo do grupo, aqui no Rio e achei muito bom.
A série consegue enfatizar suas matizes discursivas pelo humor caricatural sim, mas com muita propriedade sobre o universo que retrata. Talvez pelo fato de ser encenada por atores originais, tanto do projeto, como da região, o resultado soe tão orgânico e ao mesmo tempo divertido. O humor é quase antropológico, pois parte da curiosidade de ver como o Brasil é rico de mundos dentro de sua própria uniformidade territorial. Uma pena a série ser de temporadas tão pequenas (4 episódios por ano), pois tem garantido a (tão rara) vida inteligente na telinha.
Dica de Música: "Não enche" (Caetano Veloso)
A série consegue enfatizar suas matizes discursivas pelo humor caricatural sim, mas com muita propriedade sobre o universo que retrata. Talvez pelo fato de ser encenada por atores originais, tanto do projeto, como da região, o resultado soe tão orgânico e ao mesmo tempo divertido. O humor é quase antropológico, pois parte da curiosidade de ver como o Brasil é rico de mundos dentro de sua própria uniformidade territorial. Uma pena a série ser de temporadas tão pequenas (4 episódios por ano), pois tem garantido a (tão rara) vida inteligente na telinha.
Dica de Música: "Não enche" (Caetano Veloso)
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