O cinema por vezes é utilizado como veículo egóico para algumas celebridades. No passado, muitos diretores, fascinados e até apaixonados, verteram em filmes o desejo pela atriz Marilyn Monroe, ainda que fossem veículos de muita qualidade. Aqui no Brasil, temos exemplos que vão desde as chanchadas eróticas setentistas até o exercício de vaidade fílmica dos infantis da Xuxa. Assistindo ao filme “Jogando com prazer”, dirigido por David Mackenzie, refleti muito sobre isso, já que a produção – mediana - me pareceu uma ode ao charme do ator Ashton Kutcher. E só. A trama acompanha o bom vivant Nikki que passa os dias e as noites na farra, curtindo Los Angeles rodeado de mulheres. Porém, ao encontrar Heather, uma sedutora garçonete, sua vida vira de ponta cabeça. A idéia remete muito o filme “Gigolô americano”, que projetou a carreira de Richard Gere nos anos 80. Ambos buscam evocar um narcisismo falso, para desmontá-lo previsivelmente. Kutcher não tem um talento tão potente quanto seu charme, daí compõe seu personagem limitadamente. A direção até tenta estilizar a premissa – a nível erótico é bem alto, ainda que sejam cenas bem pasteurizadas – mas o filme sofre de certo artificialismo que prejudica sua credibilidade. Justifico a alcunha de mediano pelo carisma com que o protagonista prende a nossa atenção, mas não vai marcar uma década como o gigolô libidinoso de Gere.
Dica de Música: "Secret" (Madonna)
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