terça-feira, 27 de outubro de 2009

Marketing é tudo!!!

Todos sabem da minha imensa atração e admiração pelo audiovisual e sua co-relação com a cultura pop. Seja nos filmes de Tarantino, seja na nova literatura cosmopolita japonesa, ou até na música de Lulu Santos, a convergência artística que a contemporaneidade vem suscitando muito me atrai. Essa introdução serve para vocês entenderem a sensação que senti ao assistir a esse vídeo, de uma apresentação do grupo Black Eyes Pead, num especial externo do tradicional programa da Oprah, em Chicago, EUA. Primeiro queria salientar duas observações: a primeira é que nunca fui lá muito fã do grupo, apesar de admirar a miscelânea sonora que é capaz de fazer, dentro de um mesmo contexto eletrônico. Assim também como tenho minhas reservas com a apresentadora americana. Apesar de respeitar sua impressionante história de vida, acho que sua figura se propõe messiânica demais para o meu gosto. Enfim, tudo levava a crer que nem pararia para assistir, mas, pela insistência de um amigo, acabei me deparando com esse vídeo e fiquei impressionado com o poder midiático que vi na tela. É vídeo de uma apresentação do grupo mas totalmente estilizado, passando uma sensação de confluência poucas vezes vistos... em linhas gerais, marketing puro. Tecnicamente perfeito (a edição das cenas é primorosa) a apresentação alia sua pretensão artística (indo de encontro a tendência atual do MOB, visto nas grandes cidades) com sua pretensão comercial. Não a toa já foi visto por milhões de pessoas em todo o mundo, reforçando a divulgação do novo cd do grupo.
Como já disse aqui outras vezes, não sou da linha dos que tem aversão ao eterno imperialismo americano sobre o mundo, muito pelo contrário; acho até que hoje esse raciocínio é um tanto dramático. Mas confesso que fico embasbacado com a força midiática que o país imprime de forma tão corriqueira.



Dica de Música: "Vida fácil" (Cazuza)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Lula Guevara ???


Assisti ao novo trailer do esperado filme "Lula, o filho do Brasil", cinebiografia de nosso presidente da República. Por razões óbvias, o filme vem sendo muito aguardado e pude ver o quanto, ao ver uma cena interessante: estava no cinema para assistir "Salve Geral", quando passou esse trailer. Eu sou um aficcionado por trailers (isso acaba sempre me rendendo muita dor-de-cabeça com minhas companhias), mas sei que a grande maioria do público nem se importa tanto, aproveitando esse momento para procurar o melhor lugar, ir ao banheiro e afins. Pois bem, na hora que entrou o trailer do filme do Lula, o cinema ficou parado. Não se ouvia um comentário. Impressionante. Ao final, umas espectadoras, (juro) emocionadas, aplaudiram. Um simples trailer! Daí nota-se a força carismática do Presidente influindo até no cinema. Particularmente, sou um entusiasta da figura política de Lula. Não é uma admiração cega, mas simpatizo com seu governo imperfeito (não cabe aqui uma discussão maior sobre o tema). Pelo trailer dá para sentir que o filme será um épico, em tom fabular, com vestígios dramáticos a la “Dois filhos de Francisco”. O diretor, Fabio Barreto, não tem um bom currículo (alguém conseguiu gostar dos horrorosos “Bella Donna” e “A Paixão de Jacobina” ?) e até hoje me pergunto como “O quatrilho” foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro. Não que seja ruim, mas não digno de Oscar... Enfim, apesar de tudo, sempre prefiro acreditar que irei me surpreender diante de um novo trabalho (como me surpreendi esse ano com Ron Howard, depois de mais de 20 anos de filmes ruins!) e confesso que o trailer me agradou muito (ajudado pelo talento irrepreensível da Glória Pires, que atua no filme como mãe e primeira esposa do ex-metalúrgico). O filme só estréia em janeiro, mas pelo visto, seu poder de fogo está sendo testado e aprovado desde agora.

Dica de Música: "Admirável gado novo" (Ze Ramalho)

sábado, 17 de outubro de 2009

Quase lá...

Quanto mais a indústria cinematográfica brasileira se desenvolve, mais urgente fica a pluralidade de seus filmes. O lançamento de “Salve Geral” de Sergio Rezende, que usa como pano de fundo a barbárie provocada por uma facção criminosa, no dia das mães, em São Paulo , há três anos, é a prova viva dessa dinâmica. A trama, escrita pelo próprio diretor, com o auxílio da roteirista Patrícia Andrade, narra a odisséia de uma professora de piano que tem o filho adolescente preso depois de um acidente do carro. Na cadeia ele participa de um grupo de presidiários chamado Comando. Lúcia acaba se envolvendo com o cotidiano do filho, além da advogada do Comando transformá-la na peça de um jogo perigoso. Os filmes de Sergio Rezende costumam sofrer do mesmo mal das recentes produções de Martin Scorcese: são grandiloqüentes, mas sem tanta consistência (no caso de Scorcese, com “Os infiltrados” ele fugiu dessa “mal”). Rezende, que tem a carreira marcada pelos filmes históricos, dimensiona muito bem seus projetos na forma, mas desenvolve limitadamente suas narrativas, como vimos em “Guerra de Canudos” e “Zuzu Angel”. Neste seu novo filme é bem perceptível a evolução construtiva em sua trama. Mesmo que o filme não delimite bem o foco central de sua história – é sobre a luta de uma mãe? É sobre o PCC paulista? – a realização final é bem alinhavada e, diferente do que tem sido acusado, não faz apologia parcial a nenhum lado, mas procura deixar os eventos falarem por si. Apesar da trama correta, o roteiro comete um erro grotesco: em determinado momento o foco principal da protagonista é desviado inexplicavelmente e surge um gratuito romance com um preso, que nada acrescenta a lógica do filme. É um porém tão absurdo que compromete o todo. Andréia Beltrão, mais uma vez, demonstra competência, aproveitando cada nuance de suas cenas, assim como a atriz Denise Weinberg, que antagoniza com Andréia, nas melhores cenas do filme.
“Salve Geral” foi lançado com a badalação de ter sido o escolhido do país para representar o nosso cinema no Oscar. Simpatizo com o filme mas discordo totalmente da escolha, pois é uma produção apenas correta. “Se nada mais der certo” do Belmonte, seria a melhor escolha. Enfim, ao fim do filme senti um a sensação de cansaço, não pelo filme em si, mas pelo gênero que, há muito tempo, já vem dando sinais reais de esgotamento. E não é sempre que teremos um Fernando Meirelles para estimular a estética social do país pelo cinema.
Dica de Música: "O caminho do bem" (Tim Maia)

Jazz na puberdade

Não sei se pela minha forte verve jornalística, mas tenho uma mania de, quando gosto de determinado som, querer destrinchar TODA a carreira discográfica dele. Parece que isso ajudaria a compreender a suposta genialidade da coisa. Às vezes me decepciono, como quando me desencantei com a (pequeníssima) obra do Arctic Monkey ou percebi que não era tão fã do Barão Vermelho como pensava (ainda que continue achando uma das melhores bandas de rock nacional, pena terem limitado sua produtividade relevante aos anos 80). No momento estou “investigando” todos os discos da cantora americana Tracy Chapman. Que talento tem essa mulher. Engraçado que já estou indo para o quarto cd dela e, ainda que, disco após disco, ela mantenha certa uniformidade sonora, suas músicas conseguem passar por uma surpreendente renovação melódica. Mas isso fica para um futuro post só sobre ela. Atualmente estou encantado com a obra do cantor inglês Jamie Cullum. Sua discografia também é bem pequena, mas irrepreensível. Seu primeiro cd foi “Pointless nostalgic”, em 2002 e o último – que fez relativo sucesso no Brasil – “Catching Tales”, três anos depois. Cullum, que também é pianista, se notabilizou pela singular roupagem pop que dá ao jazz em suas músicas. Seu repertório é cheio de standarts, mas diferente de Michael Bublé (cantor canadense que até simpatizo, mas mais condescendente ao gênero) personaliza os grandes clássicos que canta. Sua própria voz – charmosamente suja e rascante – contribui para esse paradoxo sonoro de suas roupagens. Engraçado que, ouvindo qualquer uma de suas músicas, logo somos remetidos as luzes cosmopolitas de New York ou ao som de uma lareira londrina a dois. Experimente ouvir as ótimas “My Yard”, “Mind Trick”, “All at Sea”, dentre outras. Atestamos a qualidade de um artista justamente quando sua arte consegue nos fazer suscitar sensações, de Villa Lobos a Radiohead é assim. O cantor, que praticamente lançou um disco por ano, desde que surgiu, está há mais de 4 sem lançar discos. Há uns dois anos o cantor esteve no Brasil e fez um animadíssimo show na Sala Cecília Meirelles, no Rio. Pelas críticas dos jornais na época, lembro que sua performance no palco foi muito elogiada por sua convergência personalista. Aí pude confirmar que seu entusiasmo artístico não se limita a um formato sonoro, pois seu talento por si só, é justificável.


Dica de Música: “High and Dry” (o próprio!)

Lente da verdade

Filmes que se propõem a mostrar um importante fato político do mundo são sempre interessantes e perigosos. Temos vários exemplos (bons e ruins) em toda a história do cinema e notamos que a arte usada como painel demonstrativo de uma era, pode ter efeitos geracionais bem pertinentes. Dos mais recentes, eu destacaria o trabalho genial de Spielberg em “Munique” (2005), onde remontou os acontecimentos posteriores ao seqüestro e assassinato de 11 atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique de 1972. Além de provar a dimensão de seu talento como cineasta, Spielberg conseguiu imprimir uma discussão perene sobre as complexidades do terrorismo no Oriente Médio.
Assisti recentemente ao filme “Todos os homens do presidente”, do diretor Alan J. Pakula, lançado em 1976. Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford), jornalistas do Washington Post, investigam a invasão da sede do Partido Democrata, ocorrida durante a campanha presidencial dos EUA, em 1972. O trabalho acabou sendo um dos principais motivos da renúncia do presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, em 1974. Foi o famoso escândalo de Watergate. A trama remete ao recente “Frost/Nixon”, trabalho surpreendente do (burocrático) diretor Ron Howard.
“All the President's Men” (nome original), é literalmente uma investigação dramatúrgica daquele fato tão polêmico na política americana, pois Pakula conduz uma direção quase documental para nos fazer entender cada meandro das motivações e revelações do caso Watergate. Se já é ótimo como documento histórico, o filme ainda levanta discussão sobre a relação homem e poder, por um âmbito público. A produção se insere na ótima safra de filmes políticos da década de 70, e possui todos os maneirismos da época.
Se a História for sempre justificada pelo prisma da sétima arte, pelo menos a discussão em massa estará assegurada.
Dica de Música: "Um móbile no furacão" (Paulinho Moska)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Beleza põe cinema!

O cinema por vezes é utilizado como veículo egóico para algumas celebridades. No passado, muitos diretores, fascinados e até apaixonados, verteram em filmes o desejo pela atriz Marilyn Monroe, ainda que fossem veículos de muita qualidade. Aqui no Brasil, temos exemplos que vão desde as chanchadas eróticas setentistas até o exercício de vaidade fílmica dos infantis da Xuxa. Assistindo ao filme “Jogando com prazer”, dirigido por David Mackenzie, refleti muito sobre isso, já que a produção – mediana - me pareceu uma ode ao charme do ator Ashton Kutcher. E só. A trama acompanha o bom vivant Nikki que passa os dias e as noites na farra, curtindo Los Angeles rodeado de mulheres. Porém, ao encontrar Heather, uma sedutora garçonete, sua vida vira de ponta cabeça. A idéia remete muito o filme “Gigolô americano”, que projetou a carreira de Richard Gere nos anos 80. Ambos buscam evocar um narcisismo falso, para desmontá-lo previsivelmente. Kutcher não tem um talento tão potente quanto seu charme, daí compõe seu personagem limitadamente. A direção até tenta estilizar a premissa – a nível erótico é bem alto, ainda que sejam cenas bem pasteurizadas – mas o filme sofre de certo artificialismo que prejudica sua credibilidade. Justifico a alcunha de mediano pelo carisma com que o protagonista prende a nossa atenção, mas não vai marcar uma década como o gigolô libidinoso de Gere.
Dica de Música: "Secret" (Madonna)

Hepburn e a serra elétrica...

Pavor e glamour. Essa semana senti bem essas duas sensações (!?) ao assistir a dois filmes antigos em DVD. Primeiro assisti ao clássico do terror “O massacre da serra elétrica”, a versão original e não o remake teen de 2003. Todos sabem que o filme é baseado numa macabra história real, e talvez isso só alimente a eficácia da trama que, em tom etéreo e preciso tortura o espectador pela insanidade ininterrupta em pouco mais de uma hora de projeção. Não vi o remake citado, mas a versão original dificilmente será superada.
Num universo totalmente oposto, assisti também a outro clássico, mas desta vez menos underground: “Bonequinha de luxo”, filme-simbólo da atriz Audrey Hepburn. Baseado no livro de Truman Capote, a produção compensa em glamour (no sentido imagético da coisa) a sua camuflagem social da história original, onde a protagonista é uma prostituta de luxo e o galã (vivido pelo ator George Peppard) é homossexual. Claro que para época (1961) era um tanto subversivo levar o livro ao pé da letra, o que acabou por adocicar demais a história, onde tudo é muito implícito. É um filme leve, e o charme de Hepburn é um fator de extrema importância para sua relevância: a cena dela cantando “Moon river” é deliciosa. No geral, se peca pelo conservadorismo, se redime por nos transportar a ilusória cosmética do “american way of life”.

Acabei de ler “Vastas emoções e pensamentos imperfeitos” de Rubem Fonseca. Mais um livro vigoroso do autor, ainda que aquém de suas obras-primas, como “Agosto” e “O caso Morel”, este, que li recentemente. Rubem procura relativizar o poder da imaginação na vida prática de um indivíduo, com um mosaico de personagens interessantíssimos. Recomendo desde já este livro, cheio de expectativas para o lançamento de seu próximo projeto, em nova editora, a Agir, programado para novembro.
Dica de Música: "Dois pra lá, dois pra cá" (Elis Regina)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Congratulações!!!

Hoje nosso Blog completa 1 ano de vida (!). E o mais bacana é que em pouquíssimo tempo, esse espaço me trouxe muita satisfação e reconhecimento, tendo repercussão até na mídia. O Blog foi criado basicamente para expressar minha visão sobre aquilo que mais me desafia, a arte, principalmente o cinema. Só não sabia da dimensão que isso ganharia. Brecht dizia que todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver. O sempre interessante Oscar Wilde afirmava que “a arte é a forma mais intensa de individualismo que o mundo conhece”. De Picasso vem o veredicto que "A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade."
A foto que ilustra esse post é do clássico “Noites de Cabíria” de Fellini (com a maravilhosa atriz italiana Giulietta Masina), uma obra-prima, que considero o meu “Cidadão Kane”, já que é o filme da minha vida, seja pelo contexto ilusório, seja pela força cinematográfica que exerce
Então, vida longa a esse espaço e um “Muito Obrigado!” pela fidelização que muitos leitores dispensam ao que tenho a dizer.

"A arte vence a monotonia das coisas assim como a esperança vence a monotonia dos dias." (Gilbert Keith Chesterton)

Dica de Música: “Floresta do Amazonas” (Heitor Villa-Lobos)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Razão e/ou emoção



E, como de praxe, já começam a pipocar na imprensa especializada, os prováveis indicados ao maior prêmio do cinema americano, o Oscar 2010, que ano que vem virá com a novidade de ter 10, e não 5, filmes indicados. “Nine”, musical de Rob Marshall, já comentado aqui no blog, é um dos que, certamente estarão no páreo. Assim como o novo filme dos irmãos Cohen “A Serious Man”. Tem também os novos filmes de Scorcese, Clint Eastwood (que sempre aguardo ansioso) e Jane Campion. Mas dentre as várias especulações alimentadas, destaco o novo filme do ótimo diretor Joe Wright, “O solista” (trailer abaixo). Há tempos que venho prestando atenção no trabalho deste cineasta, que se notabilizou pela forma lúcida com que submergiu do universo romântico de Jane Austen, em seu belo filme “Orgulho e preconceito”. A forma como ele filmou as intempéries sentimentais da autora inglesa, foi de uma beleza (e destreza) pouco vistas no cinema recente. Dois anos depois, em 2007, ainda em uma adaptação literária, só que dessa vez baseada em romance do colérico autor americano Ian McEwan, Joe consagra-se com sua obra-prima “Atonement”, ou “Desejo e reparação” (foto acima). Considero esse um dos melhores filmes já feitos, pela perfeita absorção do discurso literário adaptado, pelo paradoxo estético que evoca, quando confronta o classicismo da trama com sua estrutura não-linear e pela sincera maneira de nos fazer refletir e nos emocionar, sem valer de recursos fáceis de persuasão. O filme é uma fábula sobre o verbo reparar e o peso de suas conseqüências. O cineasta emoldura isso de forma tão entusiasmada e surpreendente que fica difícil enquadrar a produção em algum nicho específico, mas fica fácil sentir a sensação de que na vida, nem sempre são escolhas próprias que ditam um caminho. McEwan professou em letras e o competente diretor conseguiu dar a melhor forma ao conflito veemente que o discurso suscita.
Pautado nisso, que estou muito curioso para assistir a seu novo filme, que é baseado em fatos reais, sobre o redentor poder da música. Na história, o jornalista Steve Lopez (Robert Downey Jr.) descobre por acaso a existência de Nathaniel Anthony Ayers (Jamie Foxx), um ex-estudante da universidade Julliard e prodígio em música clássica, que agora se vê na condição de sem-teto e passa os dias tocando violino e violoncelo nas ruas de Los Angeles. Promete ser um drama daqueles apoteóticos, que nas mãos de muitos outros diretores cairiam no dramalhão, mas com Wright creio que toda a lágrima será justificada.



Dica de Música: "Maria de Verdade" (Marisa Monte)

Aula austríaca.

O cinema europeu, e sua dimensão formal, sempre nos dão a sensação de que a lente daquela região consegue captar intrinsecamente melhor o ser humano, do que o de qualquer outra parte do mundo. Trata-se de uma sensação e cabe aqui uma porção de retóricas. Assisti recentemente o filme “A professora de piano”, do diretor austríaco, recém premiado em Cannes (por “A fita branca”) Michael Haneke. A trama gira em torno de uma professora de piano amargurada e solitária, suas relações doentias com a mãe, os alunos e um potencial amante. O diretor, de cinematografia marcada pela forma como delimita e expõe os extremos das pessoas, usa de brava sutileza para nos fazer acompanhar a mente conflituosa da protagonista, vivida com coragem pela atriz Isabelle Huppert. Seus ímpetos não são claramente justificáveis, mas é justamente nesta busca por compreensão que a trama se impõe. É um filme incomum, até na própria seara européia atual, onde o personalismo vem falando mais alto que o discurso em si. Haneke dirige cenas tão intensas quanto incômodas, e entrega um final arrepiante de bonito e intrigante. “A professora de piano” é um filme de 2001 que, pelo jeito, custei a descobrir, mas a noção de que o cinema europeu ainda nos desafia será sempre atualizada.

Dica de Música: "Here with me" (Dido)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Em cima, em baixo, puxa e vai...

E o Rio, que amanheceu com um céu cinematográfico de lindo, depois de dias de chuvas, foi o escolhido para sede das Olimpíadas de 2016. Fiquei felizaço e torci de verdade. Claro que sei que o país precisa de muito mais que uma galhofa esportiva, mas tenho ciência de que isto tratá para o Brasil em levante desenvolvimentista comparados aos anos JK. É só nisso que penso, além da honra de saber que somos primeiro país sul-americano sede dos jogos (aguenta essa, Buenos Aires!). O lobby feito foi perfeito - o discurso do Lula foi um exemplo de esperto diálogo diplomático - e os clipes, dirigidos pelo fera Fernando Meirelles, são obras-prima. Desculpem, mas nessa hora não dá para disfarçar o bairrismo...



Dica de Música: "Samba do avião" (Milton Nascimento e Jobim Trio)