segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pelas garras da mediocridade


A força da franquia “X-men” é, realmente, impressionante. E após ter assistido ao medíocre “X-Men Origens: Wolverine” e depois ver que o filme tem feito um sucesso absurdo nas bilheterias mundiais, essa constatação só foi potencializada.
O grande responsável por essa “força” junto ao público mundo afora, chama-se Bryan Synger, mente criativa por trás dos dois primeiros filmes. O primeiro (de 2000) é considerado o marco zero da proliferação (e êxito) dos filmes baseados em super-heróis de Hqs. “X-men” unia o bom entretenimento ao seu viés filosófico, sob a estética marcante do diretor. “X-men 02” (de 2003) é um dos melhores filmes do gênero. Aqui, Synger aperfeiçoou o que tinha em mente no primeiro filme, conseguindo romper a barreira de sua premissa quadrinista e tornando a adaptação num dos filmes referenciais do gênero e (por que não?) da cultura pop nos anos 2000, arrastando milhões de fãs.
Em “X-men 03”, Bryan, que resolveu sair da franquia para dar um novo sentido a um tal de “Super-man” (e até hoje me pergunto se conseguiu!), deu lugar ao histriônico Brett Ratner, resultando num filme apenas mediano.
Mas a sagacidade dos produtores não poderia deixar sua mina de ouro infrutífera por muito tempo, e eis que é lançado o mais novo filme da franquia, dando destaque para seu personagem mais interessante: Wolverine.
Quando essa espécie de spin-off foi divulgada, confesso que fiquei entusiasmado com idéia, já que Wolverine é um personagem muito bem concebido e isso renderia bons caminhos narrativos. Logo depois, com a contratação do interessante diretor Gavin Hood (de “Infância Roubada”) para dirigir, minha expectativa só aumentava. Daí entende-se minha frustração com o decepcionante resultado final. O filme tem um roteiro capenga, que tenta justificar a mitologia de seu protagonista com uma trama rala e preguiçosa. O pior é que para alegorizar a história (e render mais alguns dólares com franquias de brinquedinhos e afins), os roteiristas David Benioff (dos irregulares “Tróia” e “O caçador de pipas”) e Skip Woods (“A senha”!!!) enxertaram vulgarmente vários personagens de outros filmes e hqs dos mutantes, sem qualquer função na história. Afinal, o que os papéis de Dominic Monaghan e Ryan Reynolds acrescentam ao filme?
Tudo se torna ainda mais lamentável quando comparamos esse lançamento aos filmes anteriores. Aliás, frente a esse, X-Men 03 parece uma obra-prima.
Óbvio que esse sucesso reside mais na expectativa do que no filme em si. O público – acostumado com a qualidade da franquia – entra no cinema achando que verá uma aventura do nível dos anteriores e se depara com essa bomba, que se equipara a outras superproduções de igual mediocridade como “Electra”, “O vingador” e “A liga Extraordinária”.
Pelo visto, antes dos poderosos mutantes se reunirem novamente para salvarem a Terra, os produtores terão de formar uma super equipe de roteiristas para salvar seu produto. E isso sem brincar com a nossa inteligência. Tarefa árdua?

Dica de Música: “Dani California” (Red Hot Chili Peppers)

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