Há cerca de um ano atrás, eu fiz um trabalho sobre o livro de contos de Rubem Fonseca “Feliz ano novo”. Foi um trabalho bem prazeroso, uma vez que sou amante da obra do escritor desde que li o já clássico “Agosto”. Pois agora, tardiamente, acabei de ler um de seus últimos livros “Ela e outras histórias” e minha admiração só aumentou. Rubem é um dos escritores mais coléricos que o mundo já viu. Existem várias teses dizendo que (a seu tempo) sua obra se equipara a do bruxo Machado de Assis. Discordo. Apesar de reconhecer a atemporalidade de ambos, para mim Machado sempre soou eficiente, mas querendo muito ser Eça de Queiroz. Creio que isso pode gerar certa celeuma, entretanto é o que penso. Já a obra de Rubem – que se prepõe a discutir as idiossincrasias sociais sem soar como tese de mestrado – tem a urgência da identificação cotidiana. A reflexão aqui é persuadida pelos diversos extremos dessa fauna. O classicismo de Machado (ainda que com boas doses de ironias sociais) é emblemático para nossa literatura, mas é o impacto causado a cada livro de Fonseca que ilustra com precisão o meio onde vivemos.
(Deixando claro que “Dom Casmurro” de Machado é, para mim, um dos livros mais bem escritos da História. Porém, na lista de meus livros inesquecíveis, é Rubem Fonseca que tem mais títulos com o já citado “Agosto” e o maravilhoso “Buffo e Spalanzanni”, que reúne o preciosismo analítico com a perfeita estruturação de uma trama literária do autor)
“Ela e outras histórias” reúne uma série de contos intitulados por nomes de mulheres, buscando emoldurar um/o perfil feminino para cada história contada. São histórias bem corajosas, onde o discurso fica na linha tênue entre a misantropia e a misoginia, e com uma naturalidade desconcertante. Mais da metade dos contos dariam bons roteiros de filmes, o que é natural já que o autor já se disse influenciado pelo cinema em sua obra.
Ainda não tive a oportunidade de ler o seu último livro “O romance morreu” – que talvez seja sua publicação mais pessoal. E agora, com a polêmica saída do autor de sua editora, a “Companhia das Letras”, um novo livro deva demorar a sair. Mas se um livro faz um autor, uma obra faz leitores apaixonados como esse que vos escreve.
(Deixando claro que “Dom Casmurro” de Machado é, para mim, um dos livros mais bem escritos da História. Porém, na lista de meus livros inesquecíveis, é Rubem Fonseca que tem mais títulos com o já citado “Agosto” e o maravilhoso “Buffo e Spalanzanni”, que reúne o preciosismo analítico com a perfeita estruturação de uma trama literária do autor)
“Ela e outras histórias” reúne uma série de contos intitulados por nomes de mulheres, buscando emoldurar um/o perfil feminino para cada história contada. São histórias bem corajosas, onde o discurso fica na linha tênue entre a misantropia e a misoginia, e com uma naturalidade desconcertante. Mais da metade dos contos dariam bons roteiros de filmes, o que é natural já que o autor já se disse influenciado pelo cinema em sua obra.
Ainda não tive a oportunidade de ler o seu último livro “O romance morreu” – que talvez seja sua publicação mais pessoal. E agora, com a polêmica saída do autor de sua editora, a “Companhia das Letras”, um novo livro deva demorar a sair. Mas se um livro faz um autor, uma obra faz leitores apaixonados como esse que vos escreve.
Dica de música: "Até quando?" (Gabriel o pensador)
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