Já havia escrito neste blog sobre a fragilidade qualitativa de nossa televisão, principalmente nivelando com a maturidade de conteúdo da teledramaturgia americana (aliás, o que é a série “Damages” com Gleen Coose? Extraordinária. Breve comentarei por aqui.). Mas quando acerta, a tv brasileira consegue se fazer notável.
Essa semana será exibida a segunda parte da série “ 9 MM ” do canal Fox, que foi lançada com sucesso no ano passado. Pelo pouco que vi do programa, fiquei bastante entusiasmado. Ainda que trafegue pelos clichês do gênero (como o bom “Força Tarefa”) é uma série de nível acima da média. Vale conferir.
Também acaba de ser lançada em dvd (num boxe luxuoso, repleto de extras) a micro série “Maysa”, escrita por Manuel Carlos e dirigida por Jayme Monjardim. Numa comparação tecnicamente esdrúxula, acho os textos do Maneco parecido com os de Woody Allen, pela concisão de seus diálogos e importância do coloquialismo cotidiano em suas prosas. Ainda que (ultimamente) lhe falte em estruturamento, suas novelas possuem grande força dramática, mas pelo viés da inteligência com que se são desenhados seus conflitos e falas. E é isso que notamos na bela série que foi ao ar em janeiro. O diretor Jayme Monjardim – sabidamente filho da cantora retratada – conteve seus arroubos épicos, que marcaram seu trabalho ao longo dos anos e fez um grande trabalho na lapidação de uma trajetória inteira – e de uma personagem real com tanta complexidade – conseguindo isenção emotiva, mesmo com sua condição de filho.
A Globo surpreendeu ao contratar o hollywoodiano Afonso Beato, diretor de fotografia de filmes como “Tudo sobre minha mãe” de Almodóvar, para dimensionar a fotografia da micro série.
Tudo isso resultou num trabalho que verdadeiramente procura retratar a polêmica figura de Maysa e não, como costumeiramente ocorre, romantizá-la. A experiência do autor em desvendar a alma feminina foi bem pertinente nesse êxito. Seu texto dá a verdadeira importância ao aspecto humano (e não ao espetáculo) que foi a vida da cantora e isso gerou uma identificação, que resultou no sucesso absoluto do programa.
Os extras trazem mais de duas horas de material da cantora Maysa, alguns inéditos.
Minha relação com a cantora começou em outra minissérie do autor, “Presença de Anita” de 2001. A interessante abertura vinha com a canção francesa “Ne me quittas pas”, na voz da cantora. Lembro-me de ter ficado encantado com a interpretação dela. Quando “Maysa” foi ao ar, além da assustadora performance de Larissa Maciel, dando vida a artista, fiquei muito entusiasmado com o revival sobre a mesma, descobrindo assim que clássicos como “Meu mundo caiu” e “Ouça”, apesar da áurea de brega, tinham sim muita personalidade.
Biografias serão sempre complicadas de fazer e por diversos motivos (e no nosso caso, o didatismo é um grande vilão, que derrubou trabalhos como “JK” e “Um só coração”), mas com “Maysa – quando fala ao coração”, a teledramaturgia brasileira voltou a ser um campo fértil que um dia Dias Gomes pavimentou.
Só para constar: Assisti no cinema o filme “Delírios de consumo de Beck Bloon”, baseado no best seller homônimo. É nítido que o filme se ressente de não ser um “Sex and the city” (e olha que tentou, já que o extravagante figurino é assinado por Patrícia Field, da série e do filme inspirador). Apesar do carisma da da atriz Isla Fisher, que protagoniza o filme, e da premissa crítica sobre o consumo, seu argumento não se sustenta até o fim, caindo nos clichês do gênero “mulherzinha”.
Essa semana será exibida a segunda parte da série “ 9 MM ” do canal Fox, que foi lançada com sucesso no ano passado. Pelo pouco que vi do programa, fiquei bastante entusiasmado. Ainda que trafegue pelos clichês do gênero (como o bom “Força Tarefa”) é uma série de nível acima da média. Vale conferir.
Também acaba de ser lançada em dvd (num boxe luxuoso, repleto de extras) a micro série “Maysa”, escrita por Manuel Carlos e dirigida por Jayme Monjardim. Numa comparação tecnicamente esdrúxula, acho os textos do Maneco parecido com os de Woody Allen, pela concisão de seus diálogos e importância do coloquialismo cotidiano em suas prosas. Ainda que (ultimamente) lhe falte em estruturamento, suas novelas possuem grande força dramática, mas pelo viés da inteligência com que se são desenhados seus conflitos e falas. E é isso que notamos na bela série que foi ao ar em janeiro. O diretor Jayme Monjardim – sabidamente filho da cantora retratada – conteve seus arroubos épicos, que marcaram seu trabalho ao longo dos anos e fez um grande trabalho na lapidação de uma trajetória inteira – e de uma personagem real com tanta complexidade – conseguindo isenção emotiva, mesmo com sua condição de filho.
A Globo surpreendeu ao contratar o hollywoodiano Afonso Beato, diretor de fotografia de filmes como “Tudo sobre minha mãe” de Almodóvar, para dimensionar a fotografia da micro série.
Tudo isso resultou num trabalho que verdadeiramente procura retratar a polêmica figura de Maysa e não, como costumeiramente ocorre, romantizá-la. A experiência do autor em desvendar a alma feminina foi bem pertinente nesse êxito. Seu texto dá a verdadeira importância ao aspecto humano (e não ao espetáculo) que foi a vida da cantora e isso gerou uma identificação, que resultou no sucesso absoluto do programa.
Os extras trazem mais de duas horas de material da cantora Maysa, alguns inéditos.
Minha relação com a cantora começou em outra minissérie do autor, “Presença de Anita” de 2001. A interessante abertura vinha com a canção francesa “Ne me quittas pas”, na voz da cantora. Lembro-me de ter ficado encantado com a interpretação dela. Quando “Maysa” foi ao ar, além da assustadora performance de Larissa Maciel, dando vida a artista, fiquei muito entusiasmado com o revival sobre a mesma, descobrindo assim que clássicos como “Meu mundo caiu” e “Ouça”, apesar da áurea de brega, tinham sim muita personalidade.
Biografias serão sempre complicadas de fazer e por diversos motivos (e no nosso caso, o didatismo é um grande vilão, que derrubou trabalhos como “JK” e “Um só coração”), mas com “Maysa – quando fala ao coração”, a teledramaturgia brasileira voltou a ser um campo fértil que um dia Dias Gomes pavimentou.
Só para constar: Assisti no cinema o filme “Delírios de consumo de Beck Bloon”, baseado no best seller homônimo. É nítido que o filme se ressente de não ser um “Sex and the city” (e olha que tentou, já que o extravagante figurino é assinado por Patrícia Field, da série e do filme inspirador). Apesar do carisma da da atriz Isla Fisher, que protagoniza o filme, e da premissa crítica sobre o consumo, seu argumento não se sustenta até o fim, caindo nos clichês do gênero “mulherzinha”.
Dica de música: a deliciosa versão de Maysa para "O barquinho" de Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal
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