Outro filme baseado em best-seller literário e que vem fazendo bonito nas bilheterias americanas é “Marley e eu”. Neste caso, li o livro antes e arrisco até dizer que o poder de concisão do filme tornou a história ainda melhor. No livro, o autor John Grogan narra à trajetória do relacionamento doméstico com seu cão de estimação – um labrador hiperativo – e o quanto isso fora iminente em sua visão de mundo. Como se trata de um relato pessoal e em 1ª pessoa, é notável que o viés emocional do que se relata atrapalha o senso de sintetizar aquilo que seria mais pertinente a história como um todo. O que não ocorre com o (bom) filme dirigido por David Frankel. Depois de “O diabo veste Prada”, onde fez um trabalho notável de transposição literária para a telona, Frankel dá uma bem-vinda arrojada na trama pessoal de Grogan oscilando espertamente entre a comicidade e o gancho dramático para o qual aquela trama caminha. Pelo que vi no cinema, a capacidade do filme em arrancar lágrimas dos espectadores é eficaz e isso sem soar oportunista ou forçado; fato raríssimo nos filme do gênero.
E no primeiro dia de 2009 estava eu no cinema assistindo ao filme “Sete vidas”, nova produção de Will Smith, dirigido mais uma vez pelo diretor Gabriele Muccino, com o qual já havia trabalhado no eficiente “A procura da felicidade”. Mas nesta nova produção a eficiência ficou de fora. Com um argumento até bem interessante, o filme comete um pecado crucial ao alinhavar sua trama: leva-se a sério demais sob forma de um roteiro fraco e irritantemente burocrático. Para piorar, nem o comumente bom Will está bem no filme. Sua personificação carece de organicidade numa atuação restrita a estáticas expressões faciais. Uma pena. A produção até ensaia uma redenção em sua conclusão, onde remenda uma concisão a história, mas aí já se passaram quase duas horas de desperdício narrativo. E vale ressaltar o belo desempenho de Rosária Dawson, que deixa um pouco de lado a eloqüência excessiva de suas interpretações e entrega uma atuação verdadeiramente tocante. Apesar das pretensões do estúdio, o filme foi (merecidamente) ignorado pelas principais premiações americanas.
Dica de música: "Only time" (Enya)
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