O diretor Daniel Filho tem sua carreira marcada pela pluralidade. E essa quantidade explica o desnível qualitativo sua obra. Responsável por marcos televisivos como “Malu Mulher” e filmes ora simpáticos como “A dona da história” ora superficiais como “Primo Basílio”, seu discurso é o de que faz cinema para o público e não para a crítica. Isso é ótimo, mas não o exime de buscar critérios para tal. Assisti a seu novo filme “Se eu fosse você 2”, continuação (natural) do mega sucesso de 2006, estrelado por Tony Ramos e Glória Pires. Lembro de ter escrito uma crítica bem desencantada deste primeiro filme à época. A produção só encontrava êxito no carisma cênico de seus protagonistas, em atuações soberbas. No novo filme há um expressivo salto de qualidade, ainda que os defeitos sejam visíveis. Tony e Glória confirmam a sintonia que garantem o sucesso do filme. Cada vez mais a vontade, o casal empresta credibilidade à trama ainda previsível do filme, com cenas antológicas. A leveza desta primeira continuação – com uma divertida participação de Chico Anysio – nos remete aos grandes clássicos da Atlântida no sentido despretensioso em como o filme é levado. Parece que Daniel procurou deixar os atores conduzirem a ação do filme e seguiu, com um deslize aqui e ali, sem maiores comprometimentos. Ainda estão lá todos os vícios do diretor (cenas coreografadas, planos televisivos), mas já que a produção de fato tornou-se uma franquia, que a (já confirmada) terceira parte continue essa escalada qualitativa do filme, ainda que isso independa (de certa forma) das mãos de seu realizador.
Dica de música: "Saúde/Só love" (Paula Toller)
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