quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Freud e o sexo

Clichês só são suportáveis quando bem assimilados. E, se tratando de ficção sobre relacionamentos, esse paradigma é ainda mais justificado. Assisti, com mais de dois anos de atraso, a polêmica série da HBO “Tell me you Love me”, que se notabilizou pela corajosa abordagem das relações adultas. A série – em única temporada de 10 episódios – explicita as incongruências e complexidades da difícil arte de viver a dois, acompanhado a trajetória dionisíaca de três casais enfrentando problemas de intimidade: Jamie e Hugo estão noivos e tem dúvidas sobre a fidelidade, Carolyn e Palek tentam ter um bebê, enquanto Katie e David são pais que não encontram tempo para fazer sexo. Os três casais fazem terapia com a psicóloga, Dra. May Foster, uma mulher experiente que parece ter absoluto controle sobre o assunto. O enfoque é dado com lente de aumento, daí as acusações de ser um produto apelativo, já que a incontáveis cenas de sexo, beiram o explícito. Discordo. A série se propõe a discutir as relações, justamente desnudando-as e as fortes cenas de sexo entram nesse contexto. A direção e o roteiro buscam sim explicitar não só esse tipo de cena, mas o cenário emocional que ilustra as tramas apresentadas. É uma dramaturgia adulta para um público adulto. Marquês da Sade, um dos poetas mais libidinosos da História, tinha uma frase ótima que resume o ideário da série: “Antes de ser um homem da sociedade, sou-o da natureza”.

Dica de Música: "Baba" (Maria Gadu)

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