Sou avesso a esse estigma de que os diretores oriundos da publicidade acabam por produzir filmes plastificados, excessivamente pautado na forma e rasos em seus discursos. Afinal, nomes como Fernando Meirelles e Heitor Dhália vieram desse contexto e são uns dos diretores mais substanciais do nosso cinema. Mas eis que surge "400 contra 1: A história do Comando Vermelho" para reforçar esse pré-conceito. Primeira produção do diretor de comerciais Caco Souza, o filme é baseado no livro autobiográfico homônimo de Willian da Silva Lima, onde acompanhamos a gênese da organização criminal no presídio de Ilha Grande, RJ, onde um bando - que fizera célebres assaltos a banco - acabou se uniformizando pela conjuntura ideológica, num mesmo universo onde conviviam com presos políticos. Protagonizado pelo sempre entregue Daniel de Oliveira, a trama busca compreender toda a efervescência política da época (anos 70 e 80) e suas implicações dentro da claustrofobia daquelas relações. Aí é que está: Caco parece mais preocupado em impor um incômodo estilismo (estrutural e formal) não permitindo que a história transcorra dentro de uma linearidade plausível. Sabe quando os maneirismos soam gratuitos? O curioso é que o roteiro nem é ruim, conseguindo estabelecer bem seus diversos núcleos, mas Caco não permite que isso sobressaia. No fim, acaba que o filme destaca-se mais pela vaidade de seu criador do que pela urgência de sua criatura.
Dica de Música: "A queda" (Lobão)
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