Guel Arraes é um diretor de linguagens. Seja na TV, ou no cinema, sua obra sempre vem para reforçar um conceito pré estabelecido, o que confere a seus trabalhos uma personalidade que poucos diretores brasileiros conseguem. O humor satírico impresso em cada filigrana de “O bem amado” aponta para esse paradigma, e é o grande mérito do filme. Texto marcado pela ousadia formal de Dias Gomes, a trama propõe uma universalidade de contextos políticos, infelizmente atemporais. Fazendo um paralelo com nossa realidade política, vemos que o tempo fez com que hoje, seja a “esquerda” o maior alvo de relativização. Maneirismos políticos à parte, Guel domina muito bem seu gênero e o filme tem alguns bons momentos de graça crítica e/ou descompromissada. Destaque para trabalho brilhante de Marco Nanini, com a difícil tarefa de exorcizar a figura marcante de Paulo Gracindo e as irmãs Cajazeiras, defendidas com graça por Zezé Polessa, Andréia Beltrão (belíssima) e Drica Moraes (quase roubando a cena). Poderia ter pelo menos meia hora a menos, uma vez que o roteiro fica bem arrastado do meio para o fim, mas nada que manche a bem sucedida trajetória do diretor.
Dica de Música: “Mormaço” (Paralamas do Sucesso e Zé Ramalho)
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