Quando começou a divulgação do filme "A estrada" de John Hillcoat, baseado no livro do badalado escritor americano Cormac McCarthy (o mesmo do livro “Onde os fracos não tem vez”, que também virou filme e ganhou Oscar, pelos irmãos Cohen), com Viggo Mortensen no elenco, eu não me entusiasmei muito. Outro filme que fala de um mundo devastado por uma catástrofe, com clima meio “Mad Max”, ou seja, um road movie austero? Inclusive essa é a minha impressão sobre “O livro de Eli”, que ainda não pude assistir. Mas, surpreendentemente, eu gostei bastante do filme. Com uma direção de arte e fotografia primorosas, a produção se vale da crueza de seu próprio universo para expor a relação de pai e filho, diante da urgência dos últimos acontecimentos e da falta da mãe. Vivendo num cenário devastador, os poucos sobreviventes, para fugir da fome, passam a canibalizar os próprios humanos, criando assim um ambiente hostil a qualquer um. É aí que o senso de proteção do pai (Viggo, em atuação memorável) vai pautar a relação com seu filho e verter o desespero do isolacionismo em luta pela sobrevivência. Muitos pontos não ficam devidamente claros como o motivo da catástrofe e a ausência da mãe. O roteiro quis pautar a trama na claustrofóbica visão dos dois protagonistas, o que provoca um misto de medo e sensibilidade no espectador. Talvez por não esperar nada do filme, tenha gostado muito. E no fim, a mensagem de esperança (!) é tão sincera, quanto justificada.
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