Maio, para os cinéfilos, é um mês de grandes expectativas, já que é quando acontece o Festival de Cannes. Isso porque ocorrem estréias esperadas de diretores dos mais prestigiados na cena atual. Ano passado, pudemos acompanhar como a crítica mundial, presente no evento, reagiu (mais negativa que positivamente) ao ótimo “Ensaio sobre a cegueira” de Fernando Meirelles. Assim como Clint Eastwood, deu início a trajetória de seu “A troca”, com a musa, Angelina Jolie.
Este ano, na seleção oficial, está o novíssimo filme de Almodóvar “Abrazos Rotos”. O cineasta espanhol, que há cerca de três anos havia passado por Cannes com seu filme anterior, o passional e divertido “Volver”, retorna ao balneário com este filme que – segundo a crítica espanhola – evoca o bom e velho Almodóvar de sempre.
Ainda na competição, Lars Von Trier (“Dançando no escuro”) lança o seu “Anticristo”. Qualquer coisa que o diretor lance virá sempre acompanhado de certa celeuma no meio. Se bem que seus últimos lançamentos foram bem desanimadores.
O grande Ang Lee (“Brokeback Mountain”) é outro que aparece na lista com “Taking Woodstock”, uma história ficcional sobre o festival histórico. Aliás, “Just, Caution”, seu longa asiático anterior, ainda está sem previsão de lançamento por aqui, quase dois anos depois de lançado lá fora. Esses distribuidores...
Destaco ainda o retorno de Jane Campion, com “Bright star”. Campion é uma diretora esquisita. Depois de despontar para o mundo com o belíssimo “O piano”, no distante ano de 1992, nunca mais conseguiu se recolocar artisticamente. Seu último filme de destaque foi o desastroso “Em carne viva”, na verdade, um exercício hedonista para que Meg Ryan provasse (para si) que havia cinema além das comédias românticas novaiorquinas. Será que “Bright star” servirá como redenção para a diretora?
Entre os selecionados, há ainda a presença de veteranos europeus, como o inglês Ken Loach (presença constante no Festival) com "Looking for Eric" e Alain Resnais com "Les Herbes Folles".
Mas o que o mundo (cinematográfico ou não) mais espera, é a estréia de "Bastardos Inglórios" de Quentin Tarantino. Pode-se dizer que o cineasta americano é cria de Cannes, pois foi no próprio festival europeu que ele despontou para o mundo com o eletrizante “Pulp Fiction”. Tarantino é uma espécie de Andy Warhol do cinema: uma profusão de referências que ajudam a definir o ideário da cultura pop. Esse empirismo não tem nada de inconseqüente, pois a base de sua obra é criar universos próprios, e nisso ele nunca erra. É pela substancial imprevisibilidade de filmes como “Kill Bill 1 e 2” que compreendemos o que gravita pelas mentes geniais de nerds confessáveis, como o Tarantino. Inexplicavelmente, ainda não fora lançado nos cinemas do país, seu último filme, “À prova de morte”, que junto com o filme “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez, integrava o projeto “Grindhouse”.
"Bastardos Inglórios", que é estrelado por Brad Pitt, é um filme que fala sobre a segunda guerra e o nazismo alemão. Um tema estranho ao mundo “Tarantinesco”. Pelo virtuosismo do trailer, que caiu na internet, percebemos que esse casamento promete.
O Brasil também marcará presença na Riviera Francesa, com "À deriva"(foto abaixo), do cineasta Heitor Dhália, que será apresentado na mostra competitiva, “Um certo olhar”, que conta a história de uma jovem que descobre, na adolescência, as infidelidades do pai. O filme conta com os internacionais Vicent Cassel e Camille Belle, além de Débora Block. Dhália só tem três filmes, mas já se destaca pelo talento em dar forma às angustias pessoais de seus personagens, como vimos em “Nina” e “O cheiro do ralo”. É o Brasil muito bem representado em Cannes.
Então, é aguardar para ver como o Festival vai receber tamanha expectativa cinéfila.
Obs: O grande prêmio Vivo de Cinema foi para “Estômago”. Foi de certa forma merecido, pela qualidade do filme, como um todo. Discordo imensamente com o prêmio de melhor ator dado a Selton Mello (não por ele, mas por achar que seu “Johnny” era repetição de seus tiques em personagens anteriores). Também foi de estranhar que “Linha de passe” de Walter Salles, não tenha ganho, absolutamente nada. Mas foi uma premiação, na medida do possível, justa.
Dica de música: “Trem da juventude” (Paralamas do Sucesso)
Este ano, na seleção oficial, está o novíssimo filme de Almodóvar “Abrazos Rotos”. O cineasta espanhol, que há cerca de três anos havia passado por Cannes com seu filme anterior, o passional e divertido “Volver”, retorna ao balneário com este filme que – segundo a crítica espanhola – evoca o bom e velho Almodóvar de sempre.
Ainda na competição, Lars Von Trier (“Dançando no escuro”) lança o seu “Anticristo”. Qualquer coisa que o diretor lance virá sempre acompanhado de certa celeuma no meio. Se bem que seus últimos lançamentos foram bem desanimadores.
O grande Ang Lee (“Brokeback Mountain”) é outro que aparece na lista com “Taking Woodstock”, uma história ficcional sobre o festival histórico. Aliás, “Just, Caution”, seu longa asiático anterior, ainda está sem previsão de lançamento por aqui, quase dois anos depois de lançado lá fora. Esses distribuidores...
Destaco ainda o retorno de Jane Campion, com “Bright star”. Campion é uma diretora esquisita. Depois de despontar para o mundo com o belíssimo “O piano”, no distante ano de 1992, nunca mais conseguiu se recolocar artisticamente. Seu último filme de destaque foi o desastroso “Em carne viva”, na verdade, um exercício hedonista para que Meg Ryan provasse (para si) que havia cinema além das comédias românticas novaiorquinas. Será que “Bright star” servirá como redenção para a diretora?
Entre os selecionados, há ainda a presença de veteranos europeus, como o inglês Ken Loach (presença constante no Festival) com "Looking for Eric" e Alain Resnais com "Les Herbes Folles".
Mas o que o mundo (cinematográfico ou não) mais espera, é a estréia de "Bastardos Inglórios" de Quentin Tarantino. Pode-se dizer que o cineasta americano é cria de Cannes, pois foi no próprio festival europeu que ele despontou para o mundo com o eletrizante “Pulp Fiction”. Tarantino é uma espécie de Andy Warhol do cinema: uma profusão de referências que ajudam a definir o ideário da cultura pop. Esse empirismo não tem nada de inconseqüente, pois a base de sua obra é criar universos próprios, e nisso ele nunca erra. É pela substancial imprevisibilidade de filmes como “Kill Bill 1 e 2” que compreendemos o que gravita pelas mentes geniais de nerds confessáveis, como o Tarantino. Inexplicavelmente, ainda não fora lançado nos cinemas do país, seu último filme, “À prova de morte”, que junto com o filme “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez, integrava o projeto “Grindhouse”.
"Bastardos Inglórios", que é estrelado por Brad Pitt, é um filme que fala sobre a segunda guerra e o nazismo alemão. Um tema estranho ao mundo “Tarantinesco”. Pelo virtuosismo do trailer, que caiu na internet, percebemos que esse casamento promete.
O Brasil também marcará presença na Riviera Francesa, com "À deriva"(foto abaixo), do cineasta Heitor Dhália, que será apresentado na mostra competitiva, “Um certo olhar”, que conta a história de uma jovem que descobre, na adolescência, as infidelidades do pai. O filme conta com os internacionais Vicent Cassel e Camille Belle, além de Débora Block. Dhália só tem três filmes, mas já se destaca pelo talento em dar forma às angustias pessoais de seus personagens, como vimos em “Nina” e “O cheiro do ralo”. É o Brasil muito bem representado em Cannes.
Então, é aguardar para ver como o Festival vai receber tamanha expectativa cinéfila.
Obs: O grande prêmio Vivo de Cinema foi para “Estômago”. Foi de certa forma merecido, pela qualidade do filme, como um todo. Discordo imensamente com o prêmio de melhor ator dado a Selton Mello (não por ele, mas por achar que seu “Johnny” era repetição de seus tiques em personagens anteriores). Também foi de estranhar que “Linha de passe” de Walter Salles, não tenha ganho, absolutamente nada. Mas foi uma premiação, na medida do possível, justa.
Dica de música: “Trem da juventude” (Paralamas do Sucesso)