domingo, 22 de agosto de 2010

O peso de ser Grande

A verdadeira "instituição" (ou franquia?) que se tornou "Shrek" ficou tão importante e, de certa forma, exigente que acabou por virar seu próprio algoz. Quando surgiu, a franquia revolucionou a seara de filmes infantis (!) ao debochar de forma inteligente, do batido universo de conto de fadas. Era o humor pela retórica, algo que até se popularizou em diversos filmes no início desta década. "Shrek 2" veio com a função de manter (e angariar mais um quinhão de dólares) o impacto do primeiro filme e conseguiu superá-lo. A continuação é um dos pouquíssimos exemplos onde o segundo supera o primeiro, excetuando-se o quesito ineditismo. Em "Shrek Terceiro", o desgaste da fórmula foi gritante e a comprovação de que toda boa idéia é sensível a decomposições se justificou num filme puramente caça-níquel. Neste novo lançamento, eu diria que a coisa fica bem no meio termo: o humor bem sacado do início praticamente inexiste. Diferente dos dois primeiros filmes, eu não gargalhei em nenhum momento, mas seu roteiro é esperto ao abordar um dilema adulto sem incomodar o ideário infantil ao qual o filme busca. Os conflitos que alimentam a narrativa são legítimos e bem alegorizados na animação. Acaba que o discurso é (bem) mais interessante que o gênero. "Shrek" até sua primeira continuação, conseguia equilibrar isso. Hoje, contenta-se em ser interessante.

Dica de Música: "Cold War" (Janelle Monáe)

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