
“Abraços partidos” mostra um homem que perde a visão e a mulher da sua vida em um acidente de carro. Depois do desastre, ele passa a viver apenas sob o pseudônimo com o qual assinava obras literárias e roteiros, esquecendo-se de seu verdadeiro nome. Cuidado pelo filho de sua produtora, o homem acaba contando o que havia lhe acontecido há 14 anos.
A trama, que conjuga duas histórias paralelas, é personalizada por uma interessante homenagem ao cinema, usando os bastidores de uma filmagem, claramente inspirada num dos filmes mais originais do próprio diretor “Mulheres a beira de um ataque de nervos”. Como de costume, o noir e o melodrama ganham intimidade pela habilidade kitsh com que Almodóvar desenvolve suas tramas. O problema é que, apesar de, mais uma vez, o diretor conseguir imprimir um roteiro criativo e bem sustentado, o filme perde força em sua meia hora final, com uma reviravolta fraca e sem o brilho que a história vinha mantendo, inclusive dando a sensação de que Almodóvar não conseguira conter alguns excessos estilísticos. Não fosse pela hilária auto-referência que, praticamente, encerra o longa, “Abraços partidos” perderia muito de seu sentido final, que o redime de maiores críticas ao todo.
Um grande filme imperfeito de um dos cineastas mais humanos e instigantes da atualidade.
Dica de Música: "Strange love" (Koop)
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