


Um dos pontos altos do filme é a verdadeira façanha que fora conseguir arrojar o roteiro do filme brilhantemente (coisa que transposições como a do best-seller “O código da Vinci” feita em parceria entre Ron Howard e Akiva Goldsman, não conseguiram mesmo), já que, se não dá para transpor todos os volumes no filme (dariam mais de 5 horas) é preciso perspicácia para captar pelo menos a essência da trama. E aí que muitos fãs xiitas se equivocam: não dá para querer ver o quadrinho diluído na telona. São veículos diferentes e isso deve ser levado em conta. Fernando Meirelles não precisou levar o romance de Saramago ao pé da letra para tornar “Ensaio sobre a cegueira” respeitosamente crível ao universo do autor. Apesar das excessivas críticas, não concordo que "Watchmen", o filme, traia sua essência de hq. Snyder conduz toda a história mantendo os signos básicos de Moore, como a ironia política, a ambiguidade humana e um certo distanciamento racional do discurso. Tudo sob os alicerces da ruptura entre gêneros, e a maior prova disso é que o diretor torna os impactos sexuais e violentos (que alinhavam aquele universo) muito mais gráficos que o material original. O filme tem seus deslizes como a inconsequente opção de Snyder na condução das diversas músicas que permeam todo o filme, sem uma uniformidade (e contrastando com a própria estética do longa). Parece uma jukebox, tocando músicas a ermo (Ainda que certas escolhas dêem um clima muito próprio às cenas: “Unforgettable” de Nat King Cole, como trilha sonora para um assassinato brutal de um importante personagem do filme, foi genial). Outro ponto fraco é a atuação da maioria do elenco, muito aquém do projeto. Os pouquíssimos destaques ficam nas costas de atores como Jeffrey Dean Morgan (captando perfeitamente seu “Comediante”) e Jackie Earle Haley (este, por dentro e por fora da máscara sinistra de Rorschach, com uma atuação arrepiante, digna de Oscar).
Seguindo a linha qualitativa de outros filmes baseados em hqs como “Batman” de Tim Burton, “Batman – O cavaleiro das trevas”, “X-men 1 e 2” e “Spider-men 2 e 3”
"Watchmen" encaixa-se no panteão das melhores adaptações para o cinema. Por mais que tentem esvaziar o conteúdo da história, é um filme adulto, de apuro reflexivo e muito corajoso (tanto para o público como para o mainstrean). Afinal, num meio social tão carente de heróis (dentro e fora das telas) tanto a hq quanto o filme (estes com meios visualmente ainda mais atrativos) vem para relativizar o papel do heroísmo para o ser humano. E eu termino com uma frase emblemática do escritor russo (com suas abstrações afiadas) Fiódor Dostoievski: “Não é a Deus que o homem procura, é, sobretudo, o milagre que ele procura”.
Seguindo a linha qualitativa de outros filmes baseados em hqs como “Batman” de Tim Burton, “Batman – O cavaleiro das trevas”, “X-men 1 e 2” e “Spider-men 2 e 3”
"Watchmen" encaixa-se no panteão das melhores adaptações para o cinema. Por mais que tentem esvaziar o conteúdo da história, é um filme adulto, de apuro reflexivo e muito corajoso (tanto para o público como para o mainstrean). Afinal, num meio social tão carente de heróis (dentro e fora das telas) tanto a hq quanto o filme (estes com meios visualmente ainda mais atrativos) vem para relativizar o papel do heroísmo para o ser humano. E eu termino com uma frase emblemática do escritor russo (com suas abstrações afiadas) Fiódor Dostoievski: “Não é a Deus que o homem procura, é, sobretudo, o milagre que ele procura”.
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