A Suprema Felicidade, novo filme do polemista Arnaldo Jabor após 25 anos sem filmar, é um longa de retrospecto. Mirando sua lente no lirismo de uma memória afetiva, o diretor evoca a verve Felliniana de filmar para um exercício de saudosismo estético que pode ou não ser satisfatória numa conjuntura cinematográfica.
A trama começa com o fim da Segunda Guerra e vai narrando a história de Paulo e sua família. De como seus pais (Dan Stulbach, eficiente, e Mariana Lima, surpreendentemente deslocada no papel) se conheceram e a decadência futura do casamento, assim como estabelece o amadurecimento do menino que vira um rapaz (Jayme Matarazzo, assertivo em sua delicadeza), que olha para o mundo com um romantismo quase pueril, de acordo com a ingenuidade reinante na época. A intensa amizade com seu excêntrico avô (Marco Nanini, de longe a melhor coisa de todo o filme) o leva a compreender a boemia carioca e a instabilidade de um mundo em transformação.
Jabor parece não estar interessado em contar propriamente uma história e sim em fazer o espectador se transportar para um tempo em que o próprio tempo era relativo. E nessa busca o diretor acaba por cair na armadilha da passionalidade: de tão encantado com o universo idealizado, fez um filme excessivamente pessoal e não necessariamente universal.
Quando questionado sobre o porquê de seu retorno ao cinema após tanto tempo, Jabor afirma que o jornalismo – e a política, seu tema frequente – lhe trouxeram dinheiro, mas o roubaram a esperança. Voltar a filmar era a busca por esse bem que os últimos anos o havia destituído. Faz bastante sentido; porém, em termos de contundência, quando Jabor era desertor da arte produzia ideias mais provocadoras. Sim, pois até para falar de uma felicidade suprema, é necessária certa dose de instigação…
Enfim, A Suprema Felicidade não é um filme necessariamente ruim, apenas não corresponde nem às expectativas de um filme de Arnaldo Jabor - nem falo do fel discursivo de seus filmes das década de 70 e 80 -, nem compreende satisfatóriamente a pretensão estimulada por ser título.
Dica de Música: "Você é minha" (Caetano Veloso)
A trama começa com o fim da Segunda Guerra e vai narrando a história de Paulo e sua família. De como seus pais (Dan Stulbach, eficiente, e Mariana Lima, surpreendentemente deslocada no papel) se conheceram e a decadência futura do casamento, assim como estabelece o amadurecimento do menino que vira um rapaz (Jayme Matarazzo, assertivo em sua delicadeza), que olha para o mundo com um romantismo quase pueril, de acordo com a ingenuidade reinante na época. A intensa amizade com seu excêntrico avô (Marco Nanini, de longe a melhor coisa de todo o filme) o leva a compreender a boemia carioca e a instabilidade de um mundo em transformação.
Jabor parece não estar interessado em contar propriamente uma história e sim em fazer o espectador se transportar para um tempo em que o próprio tempo era relativo. E nessa busca o diretor acaba por cair na armadilha da passionalidade: de tão encantado com o universo idealizado, fez um filme excessivamente pessoal e não necessariamente universal.
Quando questionado sobre o porquê de seu retorno ao cinema após tanto tempo, Jabor afirma que o jornalismo – e a política, seu tema frequente – lhe trouxeram dinheiro, mas o roubaram a esperança. Voltar a filmar era a busca por esse bem que os últimos anos o havia destituído. Faz bastante sentido; porém, em termos de contundência, quando Jabor era desertor da arte produzia ideias mais provocadoras. Sim, pois até para falar de uma felicidade suprema, é necessária certa dose de instigação…
Enfim, A Suprema Felicidade não é um filme necessariamente ruim, apenas não corresponde nem às expectativas de um filme de Arnaldo Jabor - nem falo do fel discursivo de seus filmes das década de 70 e 80 -, nem compreende satisfatóriamente a pretensão estimulada por ser título.
Dica de Música: "Você é minha" (Caetano Veloso)
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