
O filme é integralmente passado dentro daquele caixão, mostrando a luta de Conroy para ser salvo, ou seja, a ação é pautada na oralidade de um celular. Mas não pensem que a narrativa enfraquece com isso. Cortés alinha sua trama de forma que o espectador tome o lugar de seu protagonista, e nisso o filme é simplesmente genial. Somos enterrados juntos com Conroy e a busca por sobrevivência passa a ser tão real que na sessão que assisti (para jornalistas) percebi muita gente pulando,literalmente, da cadeira. Mas o grande mérito deste filmaço é dimensionar seu até então absoluto plot para uma colérica crítica a até então desapercebida relação política dos EUA com sua força de trabalho secundária no Iraque. Não há nenhuma concessão nesse enfoque e o roteiro de Chris Sparling explora muito bem a dramaticidade dessa dicotomia.
Tecnicamente muito bem feito – a fotografia de Eduard Grau faz milagres dentro de suas desafiantes limitações -, Enterrado Vivo pulsa adrenalina, mas exala reflexão, resultando num contundente retrato da crueza de uma política externa nada globalizada. Um filme verdadeiramente de impacto. E sob uma obscura ótica espanhola.
Dica de Música: "Faust Arp" (Radiohead)
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