"Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte." Goethe não imortalizou essa máxima à toa. Sua teoria fundamenta a minha prática nesse blog que se propõe a discutir a arte em todas as suas vertentes: pois seja na cultura de massa, seja na linha da erudição, toda a forma de expressão artística vale a pena. O cinema que o diga...
sábado, 12 de junho de 2010
Após as expectativas...
Gerou muita expectativa o último filme do ótimo diretor Joe Wright, “O solista” (eu até escrevi aqui no blog um post sobre o lançamento e a possível promessa de Oscar). Acabou que o filme fracassou tanto em público, quanto em crítica e passou tão rápido por nossos cinemas que nem consegui assisti-lo (recentemente aconteceu o mesmo com o último filme de Paul Greengass – que admiro demais - “Zona Verde”, que não deve ter ficado nem duas semanas em cartaz). Bom, assisti “O solista” em DVD e posso dizer que entendi um pouco a rejeição que o filme causou na opinião pública em geral. Wright é um diretor inglês muito interessado na estética de seus filmes (tanto “Orgulho e preconceito”, quanto a obra-prima “Desejo e reparação” são antes de tudo, filmes lindíssimos) e na eloqüência conflituosa de seus protagonistas e, agora no comando de uma produção formalmente americana (ele é inglês) e contemporânea, essas prioridades não são bem executadas num todo. Apesar de também ser muito bem fotografado – a Los Angeles de Wright tem uma beleza impressionante, o diretor pesa a mão ao mostrar a história real de um conceituado jornalista do Los Angeles Times (Robert Downey Jr) que, em busca de um assunto interessante para pautar sua coluna, encontra Nathaniel (defendido com garra pelo ator Jamie Fox), morador de rua esquizofrênico, mas um músico extremamente talentoso. Não sei se encantando demais com matéria prima dramática que tinha em mãos, o diretor suplantou de certa leveza necessária ao espectador para poder digerir a relação de troca mútua e iminente que se estabelece na história, deixando a narrativa pesada demais para uma reflexão natural. Uma pena... Mas vale dizer que fora o primeiro grande deslizes de Wright, que possui um talento ainda hoje promissor. Seriam os ares norte-americanos?
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